Homem sereno e bom, de grande equilíbrio e inteligência, ao serviço da Igreja e das pessoas, mesmo na difícil atividade diplomática. Dom Aldo Giordano, 67, faleceu na tarde de quinta-feira, 2 de dezembro, em Leuven, Bélgica, onde estava hospitalizado devido à Covid-19. Nas últimas semanas suas condições de saúde haviam se agravado.
Numa entrevista publicada pelo Santuário piemontês de Sant’Anna di Vinadio, expressou a sua confiança de que nesta nova missão voltaria a encontrar o Senhor: "A minha fé diz-me que Cristo Ressuscitado me precede e espera-me em Bruxelas. Eu conto com isso".
São muitas as mensagens de condolências pela morte de Dom Giordano. Entre estas, da Conferência Episcopal da Venezuela. Justamente no dia 30 de abril passado, o núncio havia presidido em Caracas a Missa de beatificação de José Gregorio Hernández, conhecido como o médico dos pobres. Agora - disse o prelado - Gregório “já não pertence apenas aos venezuelanos, mas da Venezuela se entrega à Igreja universal e ao mundo inteiro”, sugerindo que “a Venezuela é e sempre será uma terra de graça”.
Nascido em 20 de agosto de 1954 em Cuneo, ordenado sacerdote em 1979, Dom Giordano obteve o Bacharelado na Faculdade de Teologia da Itália Setentrional de Milão e a Licenciatura em Filosofia na Pontifícia Universidade Gregoriana. Para sua pesquisa de doutorado, ele se dedicou ao pensamento de Nietzsche. Durante o período dos seus estudos em Roma colaborou como vice-pároco na Paróquia dos SS. Sacramento na Prenestina.
De 1982 a 1996 foi professor de filosofia na Escola Teológico interdiocesana e na Escola Superior de Ciências Religiosas de Fossano (Cuneo). Em nível diocesano, lecionou história da filosofia por alguns anos no colégio clássico do seminário, ministrando cursos de ética na Escola de Teologia para leigos e colaborando como vice-pároco na paróquia São Pio X de Cuneo, onde acompanhava a pastoral diocesana nos âmbitos da política, economia, medicina e cultura. Havia dedicado pesquisas e publicações em particular à filosofia contemporânea, à ética e ao tema do Cristianismo e da Europa.
Em 15 de maio de 1995 foi eleito secretário-geral do Conselho das Conferências Episcopais da Europa, transferindo-se para a sede do secretariado em St. Gallen, na Suíça. Ele desempenhou este cargo a serviço da comunhão e da colaboração com os bispos europeus durante 13 anos. Em 2008 foi observador permanente da Santa Sé no Conselho da Europa em Estrasburgo e em 2013 núncio na Venezuela, ano em que foi consagrado bispo. Em setembro de 2013 publicou o livro: “Uma outra Europa é possível, ideais e perspectivas cristãs para o velho continente”, onde recolhe as experiências e reflexões de quase 20 anos de serviço à Igreja na Europa.
«A Igreja – havia sublinhado Dom Giordano numa entrevista à Rádio Vaticano - está interessada no fato de a Europa seja mais unida” mas “sempre numa perspectiva mundial”, porque “a Igreja sempre tem um horizonte muito amplo, o interesse é para todos humanidade e para todos os países. Desejamos uma Europa mais unida e estável, porque desta forma é mais capaz de contribuir para outras regiões do planeta, numa troca de presentes ”.
Dom Giordano, em abril de 2014, havia enviado uma mensagem do Papa ao presidente Nicolás Maduro, aos membros do governo e aos representantes da Mesa de Unidad Democrática por ocasião do diálogo e do processo de paz:
“Estou profundamente convencido - escreveu Francisco - que a violência nunca poderá trazer paz e bem-estar a um país, pois sempre e somente gera violência. Pelo contrário, por meio do diálogo se pode redescobrir a base comum e compartilhada que leva a superar o atual momento de conflito e polarização, que fere tão profundamente a Venezuela, para encontrar formas de colaboração. No respeito e no reconhecimento das diferenças que existem entre as partes, o bem comum será favorecido”.
“No coração de todo diálogo sincero - afirmou o Papa - existe, antes de tudo, o reconhecimento e o respeito do outro. Acima de tudo, há o heroísmo do perdão e da misericórdia, que nos libertam do ressentimento, do ódio e abrem um caminho verdadeiramente novo. Trata-se de um caminho longo e difícil, que exige paciência e coragem, mas é o único que pode conduzir à paz e à justiça. Para o bem de todas as pessoas e para o futuro de seus filhos - concluiu Francisco - peço-lhes que tenham essa coragem”.
Texto: Vatican News