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O Núncio na Ucrânia: o incentivo do Papa a um povo sofredor

Publicado em 3 de setembro de 2021 - 17:22:15

Na quinta-feira (02/09), o prelado encontrou-se com o Papa. "Um momento sem formalidade", explicou o representante pontifício. Foi mais uma saudação entre um "pai e um filho" que está prestes a partir e a quem o pai confia o "pensamento e coração" para que possa levá-los para onde ele for". "Foi um momento de alegria", disse o núncio. "Encontrei um Papa jovem e enérgico que me expressou as suas prioridades para a Ucrânia, um país que, como várias vezes sublinhou, ama muito". Sem especificar os detalhes da conversa, dom Kulbokas mencionou o que considera os principais desafios da nova missão, destacando o forte incentivo recebido de Francisco.

Como foi o encontro com o Papa, o que significou para o senhor?
Dom Kulbokas: O Papa me disse quais são os seus pontos de vista, as suas prioridades para a Ucrânia, que ele várias vezes enfatizou que ama muito. Quis também confiar-me as suas preocupações pelo grande sofrimento do povo ucraniano, tanto na história passada quanto no período atual, dando-me a sua visão da Ucrânia. Primeiramente, é uma visão de incentivo, porque se o povo sofre, se o país sofre, é preciso encorajá-los e não é fácil fazê-lo. Então, eu poderia dizer que foi um encontro entre pai e filho. Quando o filho tem que ir a algum lugar, o pai diz: “Leva o meu coração, a minha mente, leva a minha voz, a represente no país”. Foi um momento muito alegre, muito animado também, porque encontrei um Papa muito enérgico. Ele conhece a Ucrânia desde quando tinha 12 anos, e foram os sacerdotes ucranianos que o ensinaram a servir a missa.
 
Que desafios parecem mais pertinentes a esta missão?
Dom Kulbokas: Sobretudo o anúncio de Jesus. Quando a luz incide sobre Jesus, tudo se relativiza, além do que o Papa várias vezes destacou: a alegria. Nós, cristãos, começando pelos bispos, os sacerdotes, devemos levar alegria. Claro, existem problemas: devemos enfrentá-los, mas sem desanimar. A realidade ucraniana hoje está cheia de dificuldades e problemas, começando pela guerra, para passar pelas dificuldades econômicas e sociais, as repercussões na vida política e depois, novamente, as dificuldades dentro da Igreja e entre a Igreja católica e as outras Igrejas. Assim, o Papa quis encorajar-me, dizendo-me: “Sob a proteção de Jesus e dos Santos, cumpra a sua missão com muita paz, com muito coração, sem perder a sua alegria interior”. Portanto, foi um pai que me enviou, encorajando-me e abençoando-me.
 
O senhor vem da Lituânia, que tem em comum com a Ucrânia um certo período histórico sob a ocupação do regime ateu, quando a Igreja foi perseguida. O senhor é o primeiro com esta experiência. Isto o ajudará a compreender melhor as situações e contextos na Ucrânia?
Dom Kulbokas: Tenho certeza que sim. Será preciso trabalhar, fazer um esforço, mas estou certo da minha história pessoal, tendo nascido quando ainda fazíamos parte da União Soviética. Lembro-me que meu pai e minha mãe costumavam ir a Kiev para tratamento: Kiev, para nós, na minha casa, era quase o mesmo país, e por isso agora vou a Kiev que é a minha casa! É por isso que, neste sentido, ir trabalhar num país tão próximo ao meu coração, é muito mais fácil, porque há muito mais coração, há muito mais compreensão, pelo menos historicamente. Não digo que compreendo todas as dificuldades que existem hoje, mas as históricas, sim. E tenho certeza de que tudo isso ajuda muito.
 
Em sua recente entrevista com nossa emissora, o senhor pediu para rezar e rezar muito, porque será preciso muita graça do Espírito Santo para enfrentar todos esses desafios...
Dom Kulbokas: Tenho muita certeza da oração. O que ela nos dá? Nos dá coragem, nos incentiva a sermos criativos. A oração é uma fonte inexaurível e este também é um conselho que recebi do Papa: muita oração, minha, pessoal. Estou muito certo também da oração de meus amigos e daqueles que me escutam. Quando quiserem oferecer-me uma oração pessoal, bênção pessoal, enviando-a espiritualmente através dos santos, através dos anjos, eu a recebo.
 
Texto e foto: Vatican News
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