O Papa Francisco afirmou nesta sexta-feira (27) que “uma boa política é indispensável para a fraternidade universal e a paz social”, salientando que um dos “maiores desafios” da atualidade é a “administração da tecnologia para o bem comum”.
Francisco assinalou que “as maravilhas” da ciência e da tecnologia modernas aumentaram a qualidade de vida mas “podem ameaçar a dignidade do ser humano”, se estiverem “abandonadas a si mesmas e apenas às forças do mercado”, sem as orientações das assembleias legislativas e de outras autoridades públicas, “orientadas por um sentido de responsabilidade social”.
Neste contexto, enumerou alguns ataques provenientes da internet, como o “flagelo da pornografia infantil” a exploração de dados pessoais, “nos ataques a infraestruturas importantes como hospitais”, e nas falsidades divulgadas nas redes sociais.
“Uma legislação atenta pode e deve orientar a evolução e aplicação da tecnologia para o bem comum”, realçou.
O Papa indicou que o incentivo é assumir a tarefa de uma “reflexão moral séria e profunda” sobre os riscos e oportunidades inerentes ao progresso científico e tecnológico, para que a legislação e as normas internacionais que os regulam “possam centrar-se na promoção do desenvolvimento humano integral e da paz, e não no progresso como um fim em si mesmo”.
Francisco incentivou os membros da Rede Internacional de Legisladores Católicos a promoverem “o espírito de solidariedade”, começando pelas necessidades das pessoas vulneráveis e desfavorecidas”.
“O compromisso dos cidadãos, nas várias esferas da participação social, civil e política, é indispensável. Para curar o mundo, duramente provado pela pandemia, e para construir um futuro mais inclusivo e sustentável em que a tecnologia sirva as necessidades humanas e não nos isole uns dos outros, precisamos não apenas de cidadãos responsáveis, mas também de líderes preparados e animados pelo princípio do bem comum”, desenvolveu.
No contexto da pandemia Covid-19, o Papa destacou os “progressos significativos” na criação e distribuição de vacinas eficazes, mas alertou que ainda há “muito trabalho a ser feito”, recordando que já foram confirmados “mais de 200 milhões de casos e quatro milhões de mortos”, para além da “ruína económica e social”.
Francisco lembrou que de uma crise não se sai igual, nem sozinhos: “Sairemos melhores ou piores; sairemos juntos ou não conseguiremos sair”.
Referindo que se vive uma “época de perturbação e polarização política”, o Papa agradeceu à Rede Internacional de Legisladores Católicos o trabalho de acompanhamento e apoio à Santa Sé, nos respetivos países e na comunidade internacional, e lembrou que foram “nomeados para servir o bem comum”.
A rede de Legisladores católicos (International Catholic Legislators Network) foi criada em 2010, em Trumau, na Áustria, com o apoio do arcebispo de Viena e de David Alton, membro católico da Câmara dos Lordes.
Texto: Agência Ecclesia
Foto: Vatican Media