O Patriarca Ecumênico Bartolomeu e o Papa Francisco representam uma abordagem unificada e uma voz profética sobre a relação inseparável entre a sustentabilidade do planeta e a salvação do mundo, entre a proteção ambiental e a realização da fraternidade universal. Graças a seus constantes apelos, a consciência das comunidades católicas e ortodoxas aumentou muito, dando origem a ações e reflexões comuns. Um exemplo disso é a 5ª Cúpula de Halki, que abriu ontem (09/06) em Istambul, evento organizado conjuntamente pelo Patriarcado de Constantinopla e pelo Instituto Universitário Sophia, uma expressão do Movimento dos Focolares.
A saudação e a oração do Papa Francisco
A Cúpula conta com a participação de estudantes e professores católicos e ortodoxos de todos os continentes. "Apoiando juntos o futuro do planeta", este é o título. Para a ocasião o Papa Francisco enviou uma mensagem, assinada pelo Secretário de Estado Cardeal Pietro Parolin, afirmando que está "contente por ser informado sobre a conferência". "Enquanto a nossa casa comum enfrenta os efeitos contínuos das mudanças climáticas, que ameaçam especialmente nossos irmãos e irmãs mais vulneráveis - diz a mensagem - Sua Santidade reza para que uma sempre crescente resposta ecumênica ao chamado para ser bons administradores do dom de Deus da criação, inspire muitos a se comprometerem com este fim em prol das gerações futuras".
Bartolomeu: juntos para salvaguardar o futuro
Em seu discurso o Patriarca Bartolomeu, enfatizou duas palavras do título: "futuro" e "juntos". A primeira palavra lembra o forte vínculo intergeracional inerente ao respeito ao meio ambiente em que vivemos; a segunda, a abordagem interdisciplinar imperativa a ser adotada diante da vastidão e complexidade dos problemas ecológicos. “Torna-se evidente - disse o Patriarca - que somente uma resposta cooperativa e coletiva por parte de líderes religiosos, cientistas, autoridades políticas, instituições educacionais e organizações financeiras será capaz de abordar efetivamente estas questões vitais de nosso tempo". Bartolomeu então retomou dois conceitos centrais na teologia e na espiritualidade ortodoxa: ’eucaristia’, no sentido de ’ação de graças’ pelo dom da criação, e ’ascese’, ou seja, ’autocontrole’ das paixões consumistas. O Patriarca convidou a considerar estes conceitos também como formas diferentes de falar de comunhão. “E é aqui que a visão de nosso irmão Papa Francisco - afirmou - coincide com a visão de mundo que temos proposto e promulgado há mais de trinta anos. Ambos estamos convencidos de que o que fazemos ao nosso mundo, ’fazemos ao menor de nossos irmãos e irmãs’, assim como o que fazemos aos outros, fazemos ao próprio Deus".
Tudo está conectado
"Tudo está conectado", nos lembra com frequência o Papa Francisco, e o Patriarca explica esta convicção contextualizando-a: "Conexões entre nós e toda a criação de Deus, entre nossa fé e nossa ação, entre nossa teologia e nossa espiritualidade, entre o que dizemos e o que fazemos; entre ciência e religião, entre nossas convicções e toda disciplina; entre nossa comunhão sacramental e nossa consciência social; entre nossa geração e as gerações futuras, entre nossas duas Igrejas, mas também com outras Igrejas e outras comunidades de fé.
Texto: Adriana Masotti / Vatican News
Foto: Federico Scarionati / Unsplash