O Instituto Universitário Justiça e Paz (IUJP), em Coimbra, inaugurou a Sala Papa Francisco projetando ser um espaço de encontro dirigido a todos os jovens, sinal de uma Igreja em saída para acolher estudantes crentes e não crentes.
“Sentimos a necessidade de passar uma mensagem de acolhimento e desafio à comunidade académica neste tempo que vivemos, em que a pandemia nos tem desencontrado, um tempo em que é necessário provocar a novos encontros, criar pontes para acompanhar estudantes que vivem problemas de incerteza, dificuldade de saúde mental e também económicas”, disse hoje á Agência ECCLESIA o padre Paulo Simões, diretor do IUJP.
No edifício situado no alto da cidade, em frente à Universidade de Coimbra, contíguo ao restaurante do IUJP, com as suas varandas viradas para o rio Mondego, a Sala Papa Francisco é um espaço que dispõe de mesas de trabalho e uma televisão gigante que permite fazer videoconferências ou desfrutar de um filme, “num ambiente leve e descontraído”.
A sala, “na sua passividade, tem de ser complementada com propostas que sejam bem feitas” por parte da equipa de animadores, mas deseja ser um espaço para, “na liberdade, se poder conviver”, e descobrir propostas formuladas pelo IUJP.
“Precisamos de sair da Igreja para ir chamar os jovens. Estou a acompanhar as atividades (de preparação) para as Jornadas Mundiais da Juventude Lisboa 2023 nas diferentes dioceses e estamos a falar para dentro. Dentro da Igreja continuamos a falar uma linguagem fechada, e quem está fora não compreende”, lamenta o responsável.
O padre Paulo Simões deseja que a inauguração do espaço, a par de outras atividades de saída permita chegar a pessoas com propostas de caminho rumo à JMJ Lisboa 2023.
“O encontro que promovemos, não o queremos a partir apenas do nosso Instituto como os que esperam que vão ao seu encontro. Temos saído e ido ao encontro da comunidade académica e aproveitado todas as oportunidades para o fazer: quando foi tempo de matrículas estivemos lá para acompanhá-los nesse momento e apresentar a nossa proposta social e espiritual, e convidá-los para a JMJ Lisboa 2023; fomos para as noites da Queima das Fitas com um stand convidar para participar na JMJ, colocámos vídeos nos grandes ecrãs da noite da queima para divulgar a JMJ; vamos continuar a ir às faculdades, ao encontro dos estudantes para os convidar para o Instituto e para a JMJ”, aponta.
O IUJP está também atento às fragilidades que a pandemia mostrou, quer a nível económico como também de dificuldades de saúde mental e através do Fundo solidário «Next», consegue apoiar “mais de 150 estudantes” e evitar o abandono de 50 estudantes que “de outra forma já não estariam no ensino superior”.
O padre Paulo Simões foca o desafio uma “Igreja em saída, ligada ao mundo”, a partir de quem “propõe uma cultura do encontro e sublinha a opção preferencial pelos últimos”.
“Este é o desafio do nosso tempo, ir para a rua e encontrar todos. Não ficar pelos que estão na Igreja. Temos de fazer propostas para crentes e não crentes de acompanhamento – se falarmos para eles todos vão compreender”, reconhece.
O diretor destaca que a entrada no ensino superior tem mostrado “um abandono dos jovens na Igreja” e que importa “estudar” e reconhecer a situação para a poder reverter.
“Queremos trabalhar com as paróquias e com as escolas católicas e não católicas para criar um conhecimento da Pastoral do Ensino Superior, dar a conhecer as atividades na Sala Papa Francisco a estudantes de secundário, a grupos das paróquias, para que participem em propostas ao longo do ano de forma a conhecer o IUJP e a encontrar este espaço quando entrarem no ensino superior”, esclarece.
A agora Sala Papa Francisco foi, na segunda metade do século XX, o ‘Lactário de Nossa Senhora’, local onde os estudantes de medicina assistiam as mães da cidade que se dirigiam ao Instituto para procurar apoio social e receber cuidados de saúde; posteriormente, foi usada pela Livraria «Cultura e Fé» e encontrava-se à espera de intervenção para ser usada pelo restaurante.
“A história deu lugar a um espaço que entendemos ser inovador e responder às necessidades da Igreja para este tempo”, finaliza o diretor do IUJP.
Texto: Agência Ecclesia