O Papa preside este sábado (9) a sessão de abertura da 16ª assembleia geral do Sínodo dos Bispos, que promove um processo inédito de consulta, com assembleias diocesanas e continentais até 2023.
O percurso para a celebração do Sínodo está dividido em três fases, entre outubro de 2021 e outubro de 2023, passando por uma fase diocesana e outra continental, que dará vida a dois instrumentos de trabalho diferentes distintos, antes da fase definitiva, ao nível mundial.
A assembleia convocada pelo Papa Francisco tem como tema ‘Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão’.
Os trabalhos de sábado começam com a entronização da Palavra de Deus, numa procissão em que o jovem português Rodrigo Figueiredo, membro do conselho consultivo juvenil, vai transportar o Evangelho.
As primeira intervenções estão a cargo da teóloga espanhola Cristina Inogés e do jesuíta Paul Béré, do Burquina-Faso, antes do discurso do Papa Francisco.
Seguem-se o cardeal Jean Claude Hollerich, relator-geral do Sínodo 2021-2023, e o cardeal Mario Grech, secretário-geral do Sínodo.
Os mais de 200 participantes nesta sessão vão ouvir testemunhos de leigos, religiosos e bispos, além de uma saudação do irmão Alois, prior da comunidade ecuménica de Taizé.
No domingo, o Papa preside à Missa que inaugura oficialmente o processo sinodal deste biénio, a partir das 10h00 (menos uma em Lisboa), na Basílica de São Pedro.
Simbolicamente, a procissão de entrada conta com a presença de um grupo de 25 pessoas “representando todo o povo de Deus e os diferentes continentes”, informa a Santa Sé.
A Secretaria do Sínodo dos Bispos é auxiliada no se trabalho por várias comissões para a assembleia geral de 2023, com a presença de religiosas e teólogas da África do Sul, Alemanha, Austrália, Burquina-Faso, Estados Unidos da América, Espanha, Filipinas, França e Singapura.
A Comissão Metodológica vai ser coordenada pela irmã Nathalie Becquart, subsecretária do Sínodo dos Bispos e primeira mulher com direito a voto nestas assembleias.
A religiosa disse à Agência ECCLESIA que a promoção da presença feminina é uma “aspiração” da Igreja e da sociedade.
“Vejo uma evolução na Igreja. Diria que há 10, 20 anos, talvez, a questão das mulheres era levantada, sobretudo, por mulheres, mas hoje em dia ela é levantada e manifestada também pelos homens”, realça.
Além desta estrutura, o Sínodo tem uma Comissão Teológica, uma de Espiritualidade e outra de Comunicação, onde estão presentes dois portugueses: o padre Paulo Terroso, diretor do Departamento de Comunicação da Arquidiocese de Braga e administrador do ‘Diário do Minho’; e Leopoldina Reis Simões, profissional de assessoria de imprensa, relações públicas e comunicação.
O cardeal Jean-Claude Hollerich, disse à Agência ECCLESIA e ‘Família Cristã’ que o processo visa o debate sobre o futuro da Igreja Católica, admitindo tensões internas.
“Deveríamos fixar as regras para vermos como a Igreja irá atravessar os tempos. Encontramo-nos numa mudança de civilização muito grande. Encontramo-nos completamente nos inícios duma nova era de informática, e isto só agora começou. Toda a nossa maneira de pensar, de sentir, de reagir tem que mudar; não podemos ser ingénuos”, referiu o arcebispo do Luxemburgo.
A abertura do Sínodo de 2023 acontece também em cada diocese católica, a 17 de outubro, sob a presidência do respetivo bispo.
Em setembro, a Santa Sé publicou o documento preparatório do Sínodo dos Bispos onde indica os princípios da “sinodalidade como forma, como estilo e como estrutura da Igreja”.
O Conselho Permanente da Conferência Episcopal (CEP) debateu nesse mesmo mês o processo da assembleia sinodal, apelando ao envolvimento das comunidades católicas.
“A intenção é que todos sejam auscultados”, disse aos jornalistas o padre Manuel Barbosa.