A respeito de escutar as vítimas, o documento é bastante claro: “Ouvir é um elemento fundamental da jornada rumo à cura, ao arrependimento, à justiça e à reconciliação. Em uma época que experimenta uma crise global de confiança e incentiva as pessoas a viverem em desconfiança e suspeita, a Igreja deve reconhecer suas próprias falhas, pedir humildemente perdão, cuidar das vítimas, dar a si mesma ferramentas preventivas e se esforçar para reconstruir a confiança mútua no Senhor” (nº 55). O reconhecimento das próprias faltas é o primeiro passo para o caminho da conversão.
O Sínodo dos Bispos deixa claro que “a abertura para o mundo nos permite descobrir que em cada canto do planeta, em cada cultura e em cada grupo humano, o Espírito lançou as sementes do Evangelho. Elas são frutos na capacidade de viver relacionamentos saudáveis, de cultivar confiança mútua e o perdão, de superar o medo da diversidade e dar vida a comunidades acolhedoras, de promover uma economia que cuide das pessoas e do planeta, de reconciliar-se após um conflito. A história nos traz um legado de conflitos também motivados em nome da afiliação religiosa, minando a credibilidade das próprias religiões” (nº 56).
O documento analisa a participação das mulheres na vida da Igreja e diz que “as mulheres continuam a enfrentar obstáculos para obter um reconhecimento mais plenos de seus carismas, sua vocação e seu lugar nas diferentes esferas da vida da Igreja em detrimento do serviço à missão comum. As Escrituras atestam o papel proeminente de muitas mulheres na história da salvação ... As mulheres constituem a maioria dos frequentadores da igreja e, com frequência, são as primeiras testemunhas da fé nas famílias. Elas são ativas na vida de pequenas comunidades cristãs e paróquias...” (nº 60).
As crianças mereceram grande atenção dos participantes no Sínodo que afirmam que as crianças “não só precisam ser acompanhadas na aventura do crescimento, mas também têm muito a oferecer à comunidade de fiéis ... A Igreja não pode ser sinodal sem a contribuição das crianças, portadoras de um potencial missionário a ser valorizado. Sua voz é necessária para a comunidade: devemos escuta-la e nos comprometer para que todos na sociedade a escutem, especialmente aqueles com responsabilidades políticas e educacionais. Uma sociedade que não sabe acolher e cuidar das crianças é uma sociedade doente...” (nº 61).
O Sínodo salienta a contribuição dos jovens para a renovação sinodal da Igreja. “Eles são particularmente sensíveis aos valores da fraternidade e do compartilhamento, ao mesmo tempo em que rejeitam atitudes paternalistas ou autoritárias. Às vezes, sua atitude em relação à Igreja parece como uma crítica, mas geralmente assume a forma positiva de um compromisso pessoal com uma comunidade acolhedora, empenhada em lutar contra a injustiça social e cuidar da casa comum ... É por isso que é essencial oferecer a eles um acompanhamento cuidados e paciente...” (nº 62).
Pe. Antônio Carlos D´Elboux – acdelboux@uol.com.br
Pároco da Paróquia Sagrado Coração de Jesus
Saltinho - SP