O último Sínodo dos Bispos, realizado em três anos, com duas sessões e encerrado no final de outubro de 2024, analisou muitas situações da Igreja Católica no mundo e nos deu muitas orientações. “Em todos os lugares do mundo, os cristãos vivem lado a lado com pessoas que não são batizadas e servem a Deus praticando uma religião diferente. Por elas rezamos solenemente na liturgia da Sexta-feira Santa, com elas colaboramos e nos esforçamos para construir um mundo melhor e, junto com elas, imploramos ao único Deus que livre o mundo dos males que o afligem” (nº 41).
O Sínodo afirma que o “diálogo, o encontro e a troca de dons típicos de uma Igreja sinodal são chamados a estar abertos às relações com outras tradições religiosas, com o objetivo de ‘estabelecer amizade, paz, harmonia e compartilhar valores e experiências morais e espirituais em um espírito de verdade e amor’ (Conferência dos Bispos Católicos da Índia, Resposta da Igreja na Índia aos desafios atuais, 9 de março de 2016 ...). Em algumas regiões, os cristãos que se engajam na construção de relações fraternas com pessoas de outras religiões sofrem perseguição. A Assembleia os incentiva a perseverar em seus esforços com esperança” (nº 41).
O documento final do Sínodo reconhece que a “pluralidade de religiões e culturas, a multiformidade de tradições espirituais e teológicas, a variedade de dons e tarefas do Espírito na comunidade, bem como a diversidade de idade, gênero e afiliações sociais dentro da Igreja são um convite para que cada um reconheça e assuma sua própria parcialidade, renunciando à pretensão de estar no centro e abrindo-se para acolher outras perspectivas. Cada um é portador de uma contribuição peculiar e indispensável para completar a obra comum. A Igreja sinodal pode ser descrita recorrendo à imagem da orquestra...” (nº 42).
A sinodalidade encerra “uma disposição espiritual que permeia a vida cotidiana dos batizados e todos os aspectos da missão da Igreja. Uma espiritualidade sinodal brota da ação do Espírito Santo e requer a escuta da Palavra de Deus, a contemplação, o silêncio e a conversão do coração. Como o Papa Francisco afirmou no Discurso de Abertura desta Segunda Sessão, ‘o Espírito Santo é um guia seguro, e nossa primeira tarefa é aprender a discernir Sua voz, porque Ele fala em tudo e em todas as coisas’. Uma espiritualidade sinodal também exige ascetismo, humildade, paciência e prontidão para perdoar e ser perdoado” (nº 43).
O Sínodo apela para a renovação da comunidade cristã reconhecendo a primazia da graça. “Se não houver profundidade espiritual pessoal e comunitária, a sinodalidade será reduzida a um expediente organizacional. Somos chamados não apenas a traduzir os frutos da experiência espiritual pessoal em processos comunitários, mas, mais profundamente, a experimental com a prática do novo mandamento do amor mútuo é um lugar e uma forma de encontro com Deus. Nesse sentido a perspectiva sinodal, ao mesmo tempo em que se baseia no rico patrimônio espiritual da Tradição, contribui para renovar suas formas...” (nº 44).
Em todas as etapas do processo sinodal, “ressoou a necessidade de cura, reconciliação e reconstrução da confiança dentro da Igreja, especialmente após muitos escândalos de abuso, e dentro da sociedade. A Igreja é chamada a colocar no centro de sua vida e ação o fato de que em Cristo, por meio do batismo, somos confiados uns aos outros. O reconhecimento dessa profunda realidade torna-se um dever sagrado que nos permite reconhecer os erros e reconstruir a confiança. Percorrer esse caminho é um ato de justiça e um compromisso missionário do Povo de Deus em nosso mundo e um dom que devemos invocar do alto” (nº 46).