A espera é uma parte inevitável da vida. Desde filas em supermercados até salas de espera em consultórios médicos, todos já experimentamos o desconforto de estar parados, aguardando algo acontecer. Essa experiência, aparentemente simples, tem o poder de revelar muito sobre nós e sobre a forma como lidamos com o tempo.
Mas e se a espera pudesse ser transformada? E se ela deixasse de ser apenas um intervalo e se tornasse um espaço para crescer, aprender e nos renovar? Essa é a proposta de uma espera ativa, que nos desafia a dar significado ao tempo — e essa é a essência da espera cristã.
A proposta cristã de uma espera ativa nos desafia a dar sentido ao tempo, não apenas preenchendo-o com distrações, mas transformando-o em uma oportunidade de crescimento. As distrações são inevitáveis, mas não podem dominar nossas vidas. Quando gastamos tempo apenas com coisas passageiras, perdemos de vista os propósitos estabelecidos e nos tornamos superficiais e fragmentados. No sentido cristão, esperar não é sinônimo de estagnação. A espera ativa não é apenas uma estratégia para passar o tempo, mas uma forma de viver plenamente.
O Advento é um tempo litúrgico que antecede o Natal, marcado pela preparação e pela esperança, e que nos convida a refletir sobre como estamos vivendo nossas vidas. É um período de introspecção, no qual avaliamos nossas escolhas e reafirmamos nossos objetivos à luz da fé. É o momento de transformar o "estar na fila" da vida em um movimento de conversão e renovação pessoal.
A oração, os sacramentos e a prática do amor sustentam-nos nesse percurso, tornando cada dia uma oportunidade de aproximação com Cristo, que celebramos no Natal. Diferentemente da espera passiva, marcada pela indiferença e pela frieza, a espera ativa, inspirada pela fé cristã, nos coloca em movimento, preparando nosso coração e nossas atitudes para o encontro com o Senhor.
Dom Devair Araújo da Fonseca
Bispo de Piracicaba