As intenções de oração do Papa Francisco para o ano de 2025 estão em continuidade com o seu ensinamento e constante preocupação pelos desafios da humanidade e da missão da Igreja nos últimos anos, mas podemos considerá-las particularmente à luz do Ano Santo, com o seu lema: “Peregrinos de esperança, pelo caminho da paz”. Estas intenções refletem o seu desejo de um mundo mais justo, mais compassivo e mais fiel ao Evangelho.
O ano começa com os migrantes e os refugiados, um desafio para a humanidade que o Papa nos recorda constantemente e que hoje é visto frequentemente como uma ameaça. O Santo Padre sublinhou com frequência a importância de acolher, proteger, promover e integrar os migrantes e refugiados, particularmente no que diz respeito ao seu direito fundamental à educação. Em janeiro de 2025, o Papa insiste neste aspeto: a importância da educação para assegurar a construção de um mundo melhor. Isto reflete a sua visão de uma sociedade que constrói pontes em vez de muros e que vê em cada pessoa deslocada não uma carga, mas um irmão ou uma irmã a quem acolher.
O uso das novas tecnologias é outro campo de interesse para o Papa Francisco, que nos advertiu contra a substituição das relações humanas por interações virtuais. Encoraja um uso das tecnologias que promova a dignidade humana e ajude a responder às crises contemporâneas, sobretudo facilitando a comunicação e a educação. Por isso, dedica-se também um mês à formação no discernimento, essencial para navegar num mundo tão complexo. O Papa Francisco falou com frequência da necessidade de discernir o nosso caminho pessoal e coletivo e "escolher caminhos de vida e rejeitar tudo o que nos afasta de Cristo e do Evangelho".
Neste Jubileu da Esperança, chama à oração e à ação para que a sociedade seja mais humana e convida a mobilizar-se em relação às condições de trabalho, que levantam questões sobre a dignidade humana na economia moderna. O Papa criticou frequentemente as condições de trabalho injustas e pediu um modelo económico que promova o desenvolvimento humano integral, que permita a cada pessoa realizar-se e às famílias uma vida com dignidade.
Neste ano de 2025 convida-nos também a refletir sobre as vocações sacerdotais e religiosas e convida a comunidade eclesial a acolher os desejos e as dúvidas dos jovens que sentem o chamamento a servir a missão de Cristo. As famílias em crise e a prevenção do suicídio são também preocupações pastorais profundas do Papa Francisco, que faz um apelo à misericórdia, ao apoio comunitário e a curar as feridas emocionais e espirituais.
Perante as várias ameaças e medos que se insinuam nas nossas sociedades, perante a tentação do confronto por motivos étnicos, políticos, religiosos ou ideológicos, o Papa Francisco dedica vários meses à oração pela convivência pacífica, pelos cristãos que vivem em contextos de conflito, pela colaboração entre as diferentes tradições religiosas, assinalando assim o seu incansável compromisso pelo diálogo inter-religioso e pela paz.
Em outubro de 2025 celebraremos o 60º aniversário da Declaração Nostra aetate do Concílio Vaticano II sobre o diálogo inter-religioso. O Papa Francisco acredita que os crentes de diferentes tradições religiosas podem e devem trabalhar juntos para promover a paz, a justiça e a fraternidade humana. Não é, por isso, de estranhar que, neste contexto, o mês de junho, mês do Coração de Jesus, seja dedicado a pedir a graça de crescer na compaixão pelo mundo. O Jubileu do Coração de Jesus, cujo tema é "Fazer o amor pelo amor", termina em junho de 2025. E em setembro, inspirando-nos em São Francisco de Assis, em que celebramos o 800º aniversário do Cântico das Criaturas, somos convidados a reconciliar-nos com toda a Criação e as suas criaturas, "amadas por Deus e dignas de amor e respeito".
As intenções de oração do Papa são como uma bússola para a missão. O Papa Francisco convida-nos a enfrentar estes desafios da humanidade e da missão da Igreja, não só através da oração, mas também através de ações concretas. Estas intenções são aspetos diferentes do mesmo desafio: viver autenticamente o Evangelho no mundo de hoje. É uma missão confiada a todos os fiéis para construir uma Igreja que seja verdadeiramente um sinal de compaixão e de esperança no mundo.
Frederic Fornos, SJ
Diretor Internacional da Rede Mundial de Oração do Papa