A situação ambiental "atingiu em nosso tempo tamanha dimensão e proporçäo que já não pode mais ser abafada ou silenciada nem mesmo no interior dos países, empresas e organismos internacionais mais responsáveis por ela. Independentemente do fato de se responsabilizarem ou não pela situação em que nos encontramos e, sobretudo, de estarem dispostos a pagar o preço necessário para, pelo menos, minimizar suas consequências, reconhecem que a situação é dramática e exige medidas urgentes" (p. 143).
A busca de novos caminhos para enfrentar os problemas se tornam mais difíceis. Os "grandes não estão dispostos a rever seus padrões de consumo e a limitar seus lucros" (p. 143). Os "pequenos também são seduzidos pelo mito do consumo ilimitado e a qualquer preço" (p. 144). Parte das "chamadas alternativas ecologicamente sustentáveis ... tornam-se, não raras vezes, socialmente insustentáveis" (p. 144).
A natureza torna-se problema nas relações sociais. "De modo que não faz sentido (se é que na prática é possível) dissociar a natureza da sociedade quando se trata de problemas ambientais. Enquanto imbricada na trama das relações sociais, a natureza não é apenas matéria natural a ser contemplada e preservada. É também lugar das relações sociais e, enquanto tal, é, também, lugar de conflitos, de contradições, de luta pelas condições materiais de sobrevivência" (p. 146).
Hildebrando Soares, geógrafo e diretor fa Faculdade de Filosofia en Limoeiro do Norte, Ceará, identificou três tipos dominantes no uso e apropriação dos bens naturais. O primeiro é o comportamento exploracionista. "É aquele que acha que os bens naturais são inesgotáveis e que podem ser usados e apropriados ilimitadamente" (p. 147).
O segundo é o comportamento preservacionista. "É aquele que, para eliminar ou combater a degradação ambiental" (p. 148) procura afastar-se da sociedade com criação de museus e reservas naturais e parques ecológicos. O terceiro é o comportamento conservacionista. É aquele que não reduz os bens naturais a "meros recursos inesgotáveis de enriquecimento, nem se contrapõe a preservação ambiental ao uso e apropriação sociais" (p. 149).
Tem que ficar claro que "os problemas ambientais, enquanto problemas, têm sempre um aspecto ou dimensão social. Nunca são problemas meramente naturais. Até porque o que constitui propriamente o problema ambiental não é o caráter natural dos bens em questão, mas seu caráter social: utilidade, carência, apropriação, formas de uso ou gestão, ameaça etc" (p. 150).
Os problemas ambientais afetam "o mundo todo e ponham en risco o futuro da humanidade no planeta, não afetam a todos na mesma proporção e imediatez. Os países pobres e, neles, as comunidades mais pobres - muito mais dependentes da natureza e muito mais vulneráveis às suas forças - sofrem seus efeitos de modo muito maus imediato e dramático" (p. 162).