A violência continua presente no nosso tempo em tantos lugares. Basta nos lembrarmos das guerras que acontecem em muitos países. Para uns ela é drama e para outros um espetáculo divulgado diariamente pelos meios de comunicação. Diante da violência ninguém pode ficar indiferente. "Ninguém no planeta está completamente imune, protegido. Nem mesmo as nações e as elites mais poderosas do planeta" (p.103).
A violência diz respeito "à situação de miséria e exclusão em que vivem milhões de seres humanos no planeta; à destruição do meio ambiente e suas consequências, sobretudo na vida dos povos e comunidades pobres; às mais diversas formas de repressão violenta conduzidas pelas estruturas políticas de governo, agora em escala global; ao terrorismo em suas mais diversas configurações" (pp.103-104).
A violência, devido às dimensões e proporções adquiridas, se tornou "um dos maiores desafios de nosso tempo e, consequentemente, a construção da paz se tornou o imperativo maior de nossa vida societária. Tornou-se a palavra de ordem do momento e passou a ocupar, mesmo, o centro das agendas políticas mundiais, ironicamente conduzidas pelas nações mais ricas do planeta" (p.104).
A construção da paz se torna extremamente complexa e exigente. "Em contextos diferentes, com dimensões e proporções diferentes, com características diferentes, com todas as diferenças e desafios vividos pela humanidade ao longo de sua história. Por isso mesmo podemos aprender com a história. E tanto sobre a complexidade da violência quanto sobre os caminhos de construção da paz" (p.104).
O arcebispo Dom Oscar Romero, assassinado na Nicaragua por defender a paz, disse que a violência "é pecado porque oprime e mata. O pecado matou o Filho de Deus e é o pecado que continua matando os filhos de Deus. Sabemos o que é o pecado e que ele é mortal pela morte que produz. E não só no sentido de morte interior da pessoa que o comete, mas igualmente por causa da morte real e objetiva que o pecado produz" (p.125).
Além de ser uma realidade pecaminosa, a violência também é uma realidade muito complexa. Continua afirmando Dom Oscar Romero que são responsáveis por ela tanto "os que monopolizam o poder econômico em vez de compartilhá-lo - usando, até, a violência para defender seus privilégios - quanto os que permanecem passivos por medo do sacrifício e do risco pessoal incluídos em qualquer ação corajosa e eficiente" (p.126).
Referência:
Aquino Júnior, Francisco de. A dimensão socioestrutural do Reinado de Deus: escritos de teologia social. São Paulo: Paulinas, 2011.