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Tempos de globalização

Publicado em 15 de agosto de 2024 - 15:47:00

Dom Pedro Casaldáliga no 11º Intereclesial das CEBs afirmou que: “1. Não podemos fugir nem da geografia nem do calendário – somos seres históricos, ‘encarnados’; 2. Como cristãos, seguidores de Jesus Cristo, devemos viver nessa história real e concreta ‘encarnando’ nossa fé. Daí a necessidade e o desafio permanentes de conhecermos bem a realidade em que estamos inseridos (seu dinamismo, estruturação, suas tendências, forças etc.) e de agirmos nesta realidade de tal modo que ela vá sendo configurada na força e no dinamismo do Reinado de Deus (1Cor 4,20)” (p. 67).

Globalização e mundialização são expressões usadas para descrever o atual processo de configuração das relações sociais no planeta. “Certamente, são expressões cuja abrangência (economia, política, cultura, meio ambiente etc.), novidade (algo absolutamente novo, nada de novo), sentido (pluralismo, imperialismo, possibilidades, riscos etc.) e avaliação ético-religiosa (mais positiva ou mais negativa) dependem de quem as usa e dos interesses que procura legitimar” (p. 68). É cada vez mais crescente a consciência do aprofundamento e da complexificação do processo de interdependência global das relações sociais.

Apesar de se ter tornada “comum a afirmação de que em um mundo global ou em uma aldeia global, a explicitação teórica desse fenômeno não é tão simples como pode parecer à primeira vista” (p. 69), as diversas conceituações do fenômeno da mundialização das relações sociais são insuficientes. Não se pode afirmar a existência de uma comunidade mundial na qual tomam parte todos os povos do planeta. “A pluralidade cultural no mundo não permite, sem mais, conceituar a mundialização como a constituição de uma ‘comunidade de sentido’, na qual todos os povos do planeta partilhariam de um mesmo universo de sentido” (p. 70).

Não obstante o vínculo laboral ser “mais amplo e mais radical do que o vínculo semântico e tenha a vantagem de explicitar a relevância e mesmo preponderância dos interesses econômicos no processo de unificação do mundo, é também insuficiente para conceituar o mundo globalizado. Ele não dá conta do contingente sempre mais crescente de pessoas e, mesmo, de amplas regiões excluídas do mercado de trabalho – pessoas e regiões que já nem servem, ao menos, para ser exploradas e que, no entanto, pertencem à sociedade global” (p. 70).

Para se conceituar adequadamente a sociedade global, “é preciso encontrar um âmbito de realidade mais radical e mais abrangente do que o ‘sentido’, a ‘linguagem’ e a ‘divisão social do trabalho’. Não se trata de negar essas realidades nem sua relevância – maior ou menor – no processo de globalização das relações sociais. Trata-se, simplesmente, de perceber que as relações sociais são mais amplas e complexas e que não podem ser reduzidas a alguns de seus elementos” (p. 71). “Há sociedade sempre que indivíduos ou grupos estão, de alguma forma, afetados por outros indivíduos ou grupos” (p. 72). 

As ações humanas são muito mais complexas e têm um poder de alcance muito mais amplo “Na realidade, a globalização ou mundialização da sociedade é um fenômeno complexo que abrange aspectos ou momentos preponderantemente econômicos (comércio mundial, especialmente o mercado financeiro, etc.), políticos (organismos e instituições internacionais etc.), culturais/ideológicos (revolução tecnológica, meios de comunicação, imperialismo cultural, religiões, ONGs, Fórum Social Mundial, movimentos antiglobalização etc.) e ambientais (limite dos recursos naturais, desequilíbrios ambientais etc.) (p. 75).

Pe. Antônio Carlos D´Elboux – acdelboux@uol.com.br
Pároco da Paróquia Sagrado Coração de Jesus
SALTINHO – SP

Referência:
AQUINO JUNIOR, Francisco de. Dimensão socioestrutural do Reinado de Deus: escritos de teologia social. São Paulo, Paulinas, 2011. 
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