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Maturidade e subjetivismo

Publicado em 14 de agosto de 2024 - 15:25:02

Cada tempo e cada sociedade tem características que influenciam na formação do modo de pensar e do comportamento das pessoas. Em nossa sociedade, nas últimas décadas crescemos muito e reforçamos valores humanos positivos como o combate ao racismo, à discriminação de pessoas e busca da superação de desigualdades. Mas de outra parte crescem comportamentos alienantes como a falta de maturidade para enfrentar a realidade da vida, além do subjetivismo, que acaba por criar uma forma de intolerância à verdade.

O processo de maturidade humana é complexo e envolve várias dimensões, biológica, psicológica, emocional, social e espiritual. Este processo pode ser observado a partir das reações de cada pessoa frente aos acontecimentos da vida. Entre os pontos que podem ser observados podemos destacar três. O primeiro é a autonomia, isto é, a capacidade de tomar decisões, agindo de maneira independente. A capacidade de assumir responsabilidades é outro fator importante, que demonstra a interação com a realidade. O terceiro fator é a resiliência, que sintetiza a capacidade de enfrentar as adversidades e frustrações em todos os aspectos, sociais e pessoais.

Não é incomum testemunhar a falta de maturidade entre jovens e adultos. É razoável ver uma criança, em processo de crescimento, demonstrar a inconstância de atitudes e fazer birra. Mas jovens e adultos com esse comportamento? Também é razoável ver certa inconstância e falta de resiliência entre os mais jovens. Mas adultos com esse comportamento? Parece que a maturidade chega mais tarde ou nunca chega e, como consequência, vemos adultos inconstantes, frágeis emocionalmente, sem conhecimento de suas fragilidades e limitações.

A subjetividade é inerente a cada pessoa e se refere à maneira como cada indivíduo percebe a realidade, garantindo a personalidade do indivíduo e se manifestando, por exemplo, em seu gosto musical, mas reconhecendo que existe uma verdade objetiva e universal sobre a qual se estabelecem experiências humanas comuns, em sociedade. Por outro lado, o subjetivismo defende que a verdade depende das interpretações de cada indivíduo e, consequentemente, não há verdades ou valores objetivos e universais.  Em síntese, o que é verdade ou moralmente correto para uma pessoa, pode não ser para outra. Assim se estabelece amplamente o subjetivismo moral e o relativismo da verdade, podendo muitas vezes enfraquecer valores muito caros e conquistados a duras penas pela sociedade em geral, valores como democracia, reconhecimento da dignidade de todo e qualquer ser humano e o respeito à vida humana.

A constatação do subjetivismo ético, moral e comportamental tem avançado muito em todos os aspectos da sociedade contemporânea. O resultado é confuso no vocabulário e nas expressões, tudo está em constante movimento, exatamente porque não há valores ou verdades universais. A única certeza de um subjetivista é que não há verdade absoluta e que todas as verdades subjetivas são igualmente válidas. Como consequência, afloram as inseguranças e os medos humanos. Pessoas mais e mais depressivas, buscando medicamentos para dormir ou energéticos para sustentar o ritmo frenético. Onde está o sentido da vida?

Uma das dimensões da espiritualidade cristã é justamente a de desvelar ou esclarecer a realidade do homem. O Concílio Vaticano II, na Gaudium et Spes, ensina que: “Na realidade o mistério do homem só se torna claro verdadeiramente no mistério do Verbo encarnado”. Aqui cabe a nós uma questão importante sobre como a fé e a espiritualidade cristã estão influenciando na formação da personalidade e da consciência das pessoas. Como cristãos, estamos inseridos nas diversas realidades do mundo com um testemunho autentico e verdadeiro daquilo que professamos pela fé?

Se não estivermos suficientemente esclarecidos e convictos do que acreditamos, corremos um sério risco de nos perdermos numa espiritualidade infantil e em práticas religiosas subjetivistas. Como crianças mimadas vamos exigir e cobrar, de Deus, atenção aos nossos caprichos. Vamos especular sobre a proposta cristã, recusando um caminho de conversão, mas aderindo a ideias e ideologias que tem a promessa de felicidade, de acolhimento e liberdade. Assim como existem falsos profetas, de promessas vazias, também há falsos cristãos, sem compromisso. A Verdade é melhor defendida pelo testemunho, de uma fé cristã amadurecida, que pelas palavras fáceis do subjetivismo humano. 

 
Dom Devair Araújo da Fonseca
Bispo de Piracicaba
 
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