Sínodo, sinodalidade e sinodal são termos que estão cada vez mais presentes na linguagem da Igreja como vemos no Relatório do Sínodo (RdS). Eles “derivam da antiga e constante prática eclesial da reunião em Sínodo e, graças à experiência dos últimos anos, foram amplamente compreendidos e mais ainda vividos. Estão cada vez mais associados ao «desejo de uma Igreja mais próxima das pessoas, menos burocrática e mais relacional» (RdS 1b), que seja casa e família de Deus” (RdS 5). O caminho sinodal está mostrando um diálogo com as outras tradições cristãs, onde se respeita as diferenças e especificidades de cada uma.
Como sabemos em outubro próximo, no Vaticano, será realizada a Segunda Sessão do Sínodo dos Bispos. Em sentido amplo, «a sinodalidade pode ser entendida como os cristãos a caminhar com Cristo, em direção ao Reino, juntamente com toda a humanidade; orientada para a missão, ela engloba os momentos de reunir-se em assembleia aos diferentes níveis da vida eclesial, a escuta recíproca, o diálogo, o discernimento comunitário, a criação de consensos como expressão de tornar presente Cristo vivo no Espírito e a assunção de uma decisão numa corresponsabilidade diferenciada» (RdS 1h).
O Sínodo parte da escuta da Palavra de Deus. “A fé, que nasce da escuta do anúncio da Boa Nova (cf. Rm 10,17), vive pela escuta: escuta da Palavra de Deus, escuta do Espírito Santo, escuta uns dos outros, escuta da tradição viva da Igreja e do seu magistério. Nas etapas do processo sinodal, a Igreja experimentou mais uma vez aquilo que as Escrituras ensinam: apenas é possível anunciar o que se escutou” (RdS 6). A sinodalidade se exprime no cotidiana da vida da Igreja “através da escuta comunitária da Palavra e da celebração da Eucaristia, da fraternidade da comunhão e da corresponsabilidade e participação de todo o Povo de Deus” (RdS 7).
A sinodalidade não é alternativa à vida de comunhão na Igreja. No “contexto da eclesiologia do Povo de Deus ilustrada pelo Concílio Vaticano II, o conceito de comunhão exprime a substância profunda do mistério e da missão da Igreja, que tem na celebração da Eucaristia a sua fonte e o seu cume, ou seja, a união com Deus Trinitário e a unidade entre as pessoas humanas, que se realiza em Cristo mediante o Espírito Santo” (RdS 7). A sinodalidade se manifesta no “caminhar juntos”, onde todo o Povo de Deus participa ativamente na missão evangelizadora.
Com sinodalidade não se quer desvalorizar a autoridade do Papa, dos Bispos, dos Padres e dos Diáconos, que formam a hierarquia da Igreja, mas oferecer «o quadro interpretativo mais apropriado para compreender o próprio ministério hierárquico» (Francisco, Discurso na comemoração do 50.º aniversário da instituição do Sínodo dos Bispos, 17 de outubro de 2015), “convidando toda a Igreja, incluindo os que exercem uma autoridade, a uma verdadeira conversão e reforma” (RdS 8). Também o Sínodo não tem fim em si mesmo. É uma caminhada juntos, com mãos dadas e tendo o mesmo objetivo: anunciar e testemunhar Jesus.
A sinodalidade permite exprimir a natureza da Igreja e valorizar todos os carismas, vocações e ministérios eclesiais anunciando adequadamente o Evangelho e sendo sinal visível da união do Povo de Deus. “Sinodalidade e missão estão assim intimamente ligadas. Se a Segunda Sessão destaca alguns aspectos da vida sinodal, fá-lo tendo em vista de uma maior eficácia da missão. Ao mesmo tempo, a sinodalidade é condição necessária para prosseguir o caminho ecuménico rumo à unidade visível de todos os cristãos” (RdS 9). Rezemos pelo êxito do Sínodo dos Bispos. Que o Espírito Santo fale para sua Igreja!
Pe. Antônio Carlos D´Elboux – acdelboux@uol.com.br
Pároco da Paróquia Sagrado Coração de Jesus
Saltinho – SP