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A cultura woke e os católicos - I

Publicado em 25 de março de 2024 - 14:20:44

Caro leitor: você já ouviu falar no termo woke? Se não, tentando ser direto e conciso, permita-me apresentá-lo nas linhas que seguem. E você teria noção do que esse movimento, essa cultura por assim dizer, atualmente impacta o Cristianismo e, em particular, nós católicos? Vamos lá.

Derivado do verbo inglês wake (traduzido como “acordar”, “despertar”), sua ideia central consiste na necessidade de estar alerta, “ficar esperto” numa linguagem mais “jovem” e informal, derivando do inglês “Stay woke!” Suas pautas concentram-se em questões envolvendo discussões sobre gênero, racismo, ambientalismo, identitarismo, liberdade de opinião e pensamento, etc. Perceba, então, como nós cristãos somos “incômodos”...

Na edição da “Revista Veja” de 16 de fevereiro deste ano (nº 2880), a jornalista Amanda Péchy escreveu que a cultura woke teve “na origem a virtuosa intenção de combater injustiças e promover maior diversidade e valorização de minorias – leque que abrange negros, imigrantes, mulheres, homossexuais e trans”. “Virtuosa”, a propósito, é uma adjetivação questionável e bem pouco adequada, como veremos. E na sequência de sua matéria, escrita com pretensões de demonstrar os excessos atualmente verificados nesse movimento, afirma que “A radicalização da cultura woke, no entanto, faz mais mal do que bem à causa pela qual milita”.

O pensamento woke não raro flerta com a criação de narrativas a fim de esconder a veracidade dos fatos. Ou seja, cria todo um contexto para encobrir a verdade. Nesse aspecto, cirúrgica a observação do cientista social e professor Fernando Schüller, também na “Revista Veja”, quanto à necessidade que se deve ter em “separar o joio do trigo. Saber o que são demandas de justiça e o que não passa de raiva e espuma, na guerra política. O que é a luta por direitos e o que não passa de sua caricatura. Só dispomos do bom senso para fazer essa distinção”. E arremata: precisamos de “Pessoas antenadas para a injustiça social, mas com um espelho de bom tamanho à frente. Olhos bem abertos para os defeitos do mundo, que não são poucos, e igualmente para seus próprios defeitos. Daí, quem sabe, menos dispostas a meter o dedo na cara dos outros, e mais a dialogar e persuadir, como é próprio das boas democracias”.

Uma pessoa adepta do pensamento woke, embora diga ter uma visão pluralista da realidade e festeje a diversidade, em essência se torna um intolerante, quiçá autoritário, quando, confrontado com outra pessoa que não comungue de suas opiniões, despacha pela janela sua “diversidade” na medida em que não admite transigir com seu ponto de vista.

Exemplificando, existe um pensamento atualmente vigente, perverso e falacioso, que é bem sintetizado pelo escritor católico norte-americano Austen Ivereigh no seu livro “Como defender a fé sem levantar a voz” (Ed. Quadrante): “A Igreja Católica serve-se do seu poder e influência para promover sua agenda reacionária projetada para frustrar o progresso dos direitos humanos e liberdade individuais”. E complementa: a Igreja “trata de impor as suas opiniões antiquadas ao Estado laico e às pessoas que não têm nenhuma afiliação cristã” (p.36).

O Cristianismo em geral e o Catolicismo em particular, por sua sã doutrina, dialogam, por exemplo, com aqueles que defendem o aborto ou a eutanásia, a união entre pessoas do mesmo sexo, e o papel da mulher no mundo contemporâneo, para ficarmos apenas nesses pontos. Em todos eles os ensinamentos da Igreja são claros, abertos, muito refletidos e didáticos na defesa das teses. Mas quando o faz, “medieval”, “arcaica”, “misógina”, etc., são as adjetivações mais utilizadas, embora os argumentos contrários quase nunca consigam abalar nossas convicções, não por teimosia nossa, mas por falta de substância mesmo.

No próximo mês iremos tratar diretamente da necessidade que os nossos valores católicos têm para se contraporem a essa forte tendência. Até lá, vamos nos fortalecer espiritualmente ao aproveitar os frutos quaresmais e ultrapassarmos, com recolhimento interior, dedicação filial e amor fraternal, a Grande Semana Santa, para, juntos, jubilosamente revivermos a Páscoa de Nosso Senhor Jesus Cristo!

Abraços fraternos a todos!

Rogério Sartori Astolphi
Juiz de Direito
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