Entramos no Tempo da Quaresma e somos chamados, enquanto Igreja de Cristo, a crescer em maturidade humana e espiritual, impulsionados pelo desejo de buscar e viver a santidade em preparação para a Páscoa de Nosso Senhor Jesus Cristo, que, se o Bom Deus nos permitir, iremos celebrar com imensa alegria no domingo do dia 31 de março p.f.
Serão, como sempre, dias exigentes, pois somos convidados, a partir da Quarta-Feira de Cinzas, porta de entrada da Quaresma, a assumir propósitos que possam propiciar nossa conversão, conversão essa que, para o cristão, é diária, mas que, neste Tempo em especial, deve ser acolhida com prioridade. Veja, caro leitor, cara leitora, alguns desses propósitos: ouvir mais e falar menos; cortar doces e guloseimas (e os outros alimentos que possam “substituí-los”, como sucos e refrigerantes); tirar alimentos que gostamos demais (desde que não prejudiquem nossa saúde!); não murmurar em nenhuma circunstância; não gastar com coisas supérfluas e ajudar financeiramente a quem esteja precisando; não “roubar” o tempo do trabalho com distrações no celular ou no computador; assistir menos TV; usar as redes sociais só para o necessário; melhorar nossa vida espiritual (mais tempo para as orações; ir à Missa mais de uma vez por semana; rezar diariamente o Santo Terço) e convidar outras pessoas a nos acompanharem nessa jornada; etc.
Mas e o “propósito especial”? Calma, já chego lá.
Prosseguindo. Quaresma também é um tempo que nos faz refletir sobre nosso comportamento atual e nos ajuda, se formos verdadeiramente sinceros, na autocrítica, postura fundamental para o crescimento humano e para Deus. Melhor ilustrando, todos conhecemos a passagem bíblica do “homem rico”, aquele que vai de encontro a Jesus, reconhece-O como o “Bom Mestre” a ponto de se ajoelhar diante Dele, e indaga-O o que fazer “para herdar a vida eterna”. Sendo um fiel cumpridor da lei mosaica, Jesus, então, o exorta a vender todos os seus bens e dá-los “aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-Me”. E esse homem “saiu pesaroso, pois era possuidor de muitos bens” (Mc 10, 17-22).
Interessante nessa passagem bíblica é perceber que o “homem rico” não estava seguro dos caminhos por onde andava, isto é, se o estariam ou não conduzindo à “vida eterna”. Mas e o meu e o seu caminho: estão nos levando para junto de Deus ou nos afastando dele até o inferno? Se você, como eu, desejar por encontrar a Jesus assim que nossa missão terminar nesta vida terrestre, deveria refletir a esse respeito.
E os tempos atuais de Brasil e de mundo não são apenas convidativos, mas urgem por nossa ação e oração, lembrando que, anos atrás, Papa Francisco trouxe à tona uma célebre frase de seu predecessor, Pio XII: “O maior pecado de hoje é que os homens perderam o sentido do pecado”.
Linhas atrás, sugeri a você alguns propósitos, mas um em particular te peço, e de coração: reze pela santidade de nossa Igreja, nossa “Mestra” na peregrinação até o encontro definitivo com Jesus! Reze por Diáconos, Padres e Bispos santos; por religiosos(as) santos(as); e por leigos(as) santos(as)! Rezemos! Assim como nossa sociedade está doente e dividida, como nos alerta o texto da “Campanha da Fraternidade” deste 2024, assim também está nossa Igreja. Não permitamos que se secularize, isto é, que se empesteie pelos vícios, males e tendências do mundo, a tal ponto que não consigamos mais discernir o que é pecado do que não é, o que é bom do que é mau, sempre segundo a ótica das Sagradas Escrituras, da Tradição e do Magistério católicos.
Não sou teólogo, apenas um mísero e pecador fiel leigo sem pretensões que não a de ser agradável a Deus. Amo Jesus Cristo e Sua Igreja Católica Apostólica Romana, Igreja Santa mas de homens e mulheres pecadores, como o Papa, nosso Bispo, nossos Padres, eu e você. E me angustio, como “filho” da Igreja, em vê-la sofrida e dividida.
Que neste Tempo da Quaresma Nossa Senhora Medianeira acolha esse nosso especial propósito, levando-o a seu Filho muito amado, Jesus Cristo, “o Caminho, a Verdade e a Vida” (Jo 14, 6).
Abraços fraternos a todos!
Rogério Sartori Astolphi
Juiz de Direito