O tema da Campanha da Fraternidade deste ano é Amizade Social. Ele foi extraído da encíclica Fratelli Tutti do Papa Francisco, onde o Santo Padre “apresenta o seu projeto de fraternidade baseado na amizade social e no amor político, tendo o diálogo como caminho necessário para a cultura do encontro” (CF, Texto Base nº 15). Para o Papa amizade social é “amor que ultrapassa as barreiras da geografia e do espaço (TF, nº 1); é “uma fraternidade aberta, que permite reconhecer, valorizar e amar todas as pessoas, independentemente da sua proximidade física (FT. nº 1); é “viver livre ‘de todo desejo de domínio sobre os outros’” (FT. nº 4).
Papa Francisco continua apresentando outras definições de amizade social. É o “amor que rompe as cadeias que nos isolam e separam, lançando pontes; o amor que nos permite construir uma grande família na qual todos nós podemos nos sentir em casa (FT. nº 62). É “vocação para formar uma comunidade feita de irmãos que se acolhem mutuamente e cuidam uns dos outros (FT. nº 96). É “a capacidade diária de alargar o meu círculo, chegar àqueles que espontaneamente não sinto como parte do meu mundo de interesse, embora se encontrem perto de mim” (FT, nº 97).
O Papa continua dizendo que o “amor ao outro por ser quem é impele-nos a procurar o melhor para a sua vida. Só cultivando essa forma de nos relacionarmos é que tornaremos possível aquela amizade social que não exclui ninguém...” (FT. nº 94). Amizade social “é o amor presente nas relações sociais; é o amor como base da relação entres as pessoas e os povos; é o amor feito cultura” (FT. nº 95).É “uma convocação a valorizar o direito à vida, o direito ao seu desenvolvimento integral, sobrepondo-se ao individualismo utilitarista, que fecha as pessoas à transcendência de si mesmas, que surge na interação social” (CF, Texto base nº 18).
Usando amizade social como subtítulo de sua encíclica, Papa Francisco “manifestou o desejo de alargar este conceito e elevá-lo ao nível de realmente acolher a todos, com a inclusão dos pobres, dois abandonados, dos doentes e dos últimos da sociedade, com a prática comprometida da solidariedade humana. Francisco exemplifica o que entende por amizade social: relações internacionais livres, unidades das nações, necessidade de agir e sonhar coletivamente, com visão solidária e abertura aos interesses de todos e que os poderes econômicos estejam voltados ao bem comum” (cf. FT, nºs 13-14).
O Santo Padre afirma que “amizade não é um clube exclusivo, mas uma escola onde treinamos competências a serem universalmente aplicadas. Os amigos que só cuidam dos seus amigos reduzem o horizonte da amizade. E, do mesmo modo, quando as famílias apenas se preocupam com o bem dos seus, esgotando aí a sua responsabilidade humana, algo de decisivo fica por se cumprir. O mesmo vale para um país que, sob a lógica do amor, não pode deixar de cuidar de todos os seus cidadãos, especialmente dos mais fragilizados” (CF, Texto base, nº 20).
Baseado no ensinamento do Papa Francisco, Reginaldo Andrietta, em artigo publicado no site da CNBB em 13 de outubro de 2020, afirma que a política “é o mais alto grau da caridade, afinar dar de comer a um desempregado é expressão de amor, mas assegurar o direito de trabalho a muitos, pela ação política é expressão intensa de amor, porque os emancipa e os dignifica. Embora a caridade política englobe a todos, ‘o núcleo do autêntico espírito da política’ é o ‘amor preferencial pelos últimos’” (CF, Texto base, nº 21). A Campanha da Fraternidade sempre se insere na Doutrina Social da Igreja que busca a conversão das pessoas.
Pe. Antônio Carlos D´Elboux
Pároco da Paróquia Sagrado Coração de Jesus
Saltinho – SP