Atividade econômica é “o conjunto dos esforços desenvolvidos pelo homem a fim de obter os bens de que precisa para satisfazer as suas necessidades e aumentar o seu bem-estar. Intimamente ligada a uma concepção cristã do homem (antropologia cristã) há uma concepção cristã da economia social. Nesta concepção, a economia tem um certo número de características: 1ª – É uma economia humana; 2ª – É uma economia do bem comum; 3ª – É uma economia orgânica; 4ª – É uma economia dinâmica, animada pela justiça e caridade cristãs; 5ª – É uma economia subordinada à lei moral” (p. 119).
O mais importante problema social “é o da organização de uma economia cuja finalidade seja: - A satisfação das necessidades do homem; - O respeito da sua natureza e da sua dignidade; - A colocação à disposição de todos os homens de condições materiais, bens e serviços que tornem possível e fácil uma vida mais humana. Trata-se, em suma, da primeira característica de uma concepção cristã da economia: uma economia humana” (p. 120). Esta economia deve estar a serviço do homem, garantindo o seu primado diante das coisas, dos bens materiais, das riquezas, da produção e do progresso técnico.
A economia pode ser organizada de duas maneiras: “- Numa delas abstrai-se do homem e atende-se apenas aos bens materiais e riqueza da sociedade ou da nação, sacrificando-se tudo à produção e ao lucro e, com isso, o bem-estar do próprio homem; - Na outra, o homem ocupa o primeiro lugar e a economia está ao seu serviço – esta segunda maneira é a da concepção humana e cristã da economia social. A economia é humana quando respeita a natureza e a dignidade do homem no seu todo incluindo o seu destino transcendente e não apenas como ser indigente material” (p. 120).
Uma economia é chamada humana quando se regula pelas necessidades primordiais do homem: “a alimentação, o vestuário, a habitação, a cultural pessoal, a educação dos filhos, etc. Estas são as necessidades que é urgente satisfazer: necessidades reais e verdadeiras” (p. 121). Porém, “há falsas necessidades que contribuem para criar uma economia deturpada” (p. 121). Publicidade desenfreada, luxo gerando despesas supérfluas, lucro que conduz ao consumismo e abundancia de bens que leva ao cúmulo da avareza são falsas necessidades que deturpam a economia.
A produção e o consumo “devem equilibrar-se segundo as necessidades e a dignidade do homem, numa economia de necessidades reais e portanto humana, em contraste, por um lado, com a economia capitalista, em que a produção tem em vista, não as necessidades mas o dinheiro e o lucro, e em contraste, também, e por outro lado, com a economia marxista, em que a produção se destina a aumentar o poder, o prestígio e o domínio do Estado” (pp. 121-122). A economia também só será humana quando promove o homem, seu desenvolvimento e o aperfeiçoamento da pessoa humana.
Uma economia é humana quando seus benefícios estejam “ao alcance de todos os homens e não só de alguns privilegiado da sorte, e nem seja dominada por uma oligarquia financeira ou pela ditadura econômico de uma nomenclatura. É humana, por último, a economia que esteja em harmonia com a estatura do homem: uma economia à medida do homem” (p. 122). A concepção cristã também aponta uma outra característica: “a economia social, na concepção cristã, é uma economia do bem comum” (p. 123). O bem comum “é tudo quanto mobiliza e unifica a sociedade civil, sendo seu guardião e procurador ativo o Estado” (p. 123).
Pe. Antônio Carlos D´Elboux
Pároco da Paróquia Sagrado Coração de Jesus
Saltinho – SP
Referência:
CAMACHO, Ildefonso. Cristãos na Vida Pública. Coimbra, Gráfica de Coimbra, sem ano.