7 de outubro de 2023 poderia ser mais um dia no calendário judaico em que se celebraria alegremente o feriado de Simchat Torá, data que marca a conclusão do ciclo anual de leituras da Torá, a “Bíblia Hebraica”, abrindo uma nova jornada para o ano vindouro. Mas foi o dia mais sangrento da história do Estado de Israel desde sua fundação em 1948...
Nesse dia foram massacradas cerca de 1.200 pessoas em território israelense: militares que estavam a serviço na fronteira; jovens numa balada rave; homens e mulheres de todas as idades em vilarejos próximos à Faixa de Gaza, um enclave (pequeno pedaço de terra) densamente povoado entre Israel e o Mar Mediterrâneo, com uma curta fronteira a sul com o Egito, habitada em sua maioria por palestinos. Praticamente todos foram mortos sem qualquer chance de defesa, com covardia, pois ainda era muito cedo e ninguém teria como estar prevenido para qualquer ataque dessa magnitude. A brutalidade e a selvageria inomináveis foram a tônica desse triste dia: famílias inteiras queimadas vivas; bebês decapitados; mulheres estupradas e mutiladas antes de serem executadas; idosos trucidados nas próprias casas (alguns eram sobreviventes do Holocausto); jovens fuzilados em tiro-ao-alvo e com armas de pesado calibre. Paro por aqui para não descrever outras tantas chocantes cenas de inegável terrorismo.
A autoria dessas atrocidades foi assumida pelo Hamas (tradução de “Movimento de Resistência Islâmica”) que há anos tomou o poder e passou a governar ditatorialmente a Faixa de Gaza. Hamas é um grupo terrorista, assim reconhecido pelos Estados Unidos e pela União Europeia, mas não pelo Brasil de hoje. Seu estatuto (“dê um Google” que o encontrará facilmente disponível na internet) expressamente prevê a aniquilação, por meio da jihad (“guerra santa”, que paradoxo!), de todos os judeus mundo afora e do que hoje se reconhece, geograficamente, como o Estado de Israel. Sim, os terroristas do Hamas lutam pela morte de cada um dos judeus! E nós, cristãos, como ficamos? Nós seremos os próximos, pois desse mesmo estatuto se denota um desprezo absoluto a quem, segundo o Hamas, não for muçulmano e professar outra religião monoteísta.
Diante desses fatos –fatos concretos e não narrativas!– qual deveria ser a reação de governantes, da grande imprensa e das pessoas que se consideram “do bem”, no Brasil e mundo afora? Repúdio, solidariedade aos judeus, clamores de justiça aos agressores. Certo? Não: errado!
Temos testemunhado cenas deprimentes de personagens –políticos da esquerda, jornalistas tendenciosos e até um conhecido religioso católico (que chamou Israel de “Estado assassino”!)– querendo a todo custo e por argumentos ilógicos estabelecer uma falsa equivalência moral, uma justificação da barbárie, para colocar a “culpa” pelos atentados a Israel, a única vítima, valendo-se de chavões como “colonialismo”, “opressão”, “ditadura”, e por aí vai.
E duas importantes facetas até este tempo afloraram: na primeira encontramos a decadência moral de nossa sociedade e de suas “referências”, com destaque para a ONU, cujo secretário-geral, o socialista português António Guterres, discursou com pesadas críticas ao contra-ataque das Forças de Defesa de Israel, além da comemoração das mortes bárbaras por um funcionário de agência da ONU para refugiados palestinos em Gaza; e governantes, artistas “globais”, políticos da esquerda e professores universitários; a segunda faceta é filha da primeira: o renascimento de um fortíssimo antissemitismo, somente visto com tal truculência no tempo em que o nazismo governava a Alemanha, assim se afirmando pelas inúmeras manifestações contra os judeus, algumas até escandalosas como pintar a “estrela de Davi” nas portas de suas casas e comércios, como Hitler ordenara em seu tempo.
A reação de Israel, com suas poderosas forças armadas, está sendo veemente e, infelizmente, acaba gerando a morte de civis inocentes junto com os terroristas do Hamas. Vale, entretanto, pontuar que um importante líder desse grupo terrorista deixou absolutamente claro em recente entrevista que seus “combatentes” se utilizam dos civis habitantes de Gaza como “escudos humanos”, além de estabelecerem bases militares em túneis construídos sob hospitais (informação confirmada pelos EUA), mesquitas e escolas, como mostrado em vários vídeos recentes, fazendo-nos concluir que as vítimas da reação israelense acabam virando verdadeiros “troféus do Hamas!”
“O amor a si mesmo permanece um princípio fundamental da moralidade. Portanto, é legítimo fazer respeitar seu próprio direito à vida.” Além disso, “Preservar o bem comum da sociedade exige que o agressor seja impossibilitado de prejudicar a outrem”. Esses são parte dos ensinamentos sobre “legítima defesa” nos números 2264 e 2265 do “Catecismo da Igreja Católica”, apresentados não para justificar qualquer violência, mas para que nós, cristãos católicos, tenhamos uma regra moral norteadora, uma direção a seguir, não caindo em armadilhas linguísticas ou em imoral e manipuladora propaganda ideológica.
Tenhamos diariamente presente em nossas orações o fim dessa guerra. Rezemos, ainda, pelas almas de todos os que morreram e morrerão. E rezemos incansavelmente, pois esse triste capítulo da história da humanidade não parece que se encerrará em breve.
Abraços fraternos do vosso irmão!