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Ensino Social da Igreja - 3

Publicado em 28 de setembro de 2023 - 15:24:48

O homem contemporâneo "repudia o princípio divino da sua dignidade. Para ele, o valor supremo já não é Deus, mas o homem. Está aqui o drama do humanismo ateu, com o seu ’paradoxo inexorável’, resultado de uma antropologia redutora do homem" (p. 60). "Sempre que o homem decide que não há nada acima de si, acaba por se precipitar nas piores aberrações - aberrações sociais - sucedendo isto porque o homem, criatura, renega esta condição e tenta suprimir do seu horizonte Deus Absoluto, constituindo como absoluto o próprio homem, como se fosse o seu próprio princípio e fim" (p. 61).

A pessoa "não é um meio, mas um ’fim’, não no sentido de absolutizar o seu próprio ser, mas tal como o indica o Concílio Vaticano II: o homem, todo e qualquer homem, é ’a única criatura sobre a terra a ser querida por Deus por si mesma’ (Concílio Vaticano II, 1965). No entanto, o homem, criado livre, ’senhor de si próprio e responsável pelos seus atos e pelo seu destino’ (Concílio Vaticano II, 1965), logo desde o começo da sua história abusou da liberdade, rebelando-se contra Deus, querendo alcançar o seu próprio fim fora d’Ele" (p. 63). Muitos homens querem substituir Deus.

A Igreja, "consciente da realidade do pecado, é realista e não ’embarca’ no irrealismo das utopias sociais, quer socialistas, quer liberais, que projetaram os seus modelos de sociedade de que o tempo se encarregou de mostrar as imperfeições" (p. 63). "A Igreja é realista e ’perita em humanidade’ porque está consciente, ao mesmo tempo, das grandezas e misérias da condição pecadora do homem. A chave do ensino social da Igreja é a condição redimida do homem" (p. 64). "Sendo essencialmente social, o homem é intrinsecamente capaz de viver em sociedade" (p. 65), da qual também sente necessidade.

O ser humano "nasce e começa por viver no seio de uma primeira forma de sociedade: a família, ou sociedade doméstica. Esta é essencial para o seu crescimento e desenvolvimento, até adaptar-se e aprender a bastar-se a si mesmo e a defender-se por si próprio. Ele nasce completamente indefeso e necessita proporcionalmente de mais tempo para isso do que qualquer outro animal. A sua ’educação’ é a sua ’socialização’, ou seja, o desabrochar da sua capacidade social natural, para integrar-se na sociedade civil" (pp. 65-66), que tem por fim o bem comum.

A pessoa humana "não está subordinada à sociedade como uma parte dela, como peça ou partícula, sem substantividade própria. Os termos desta relação entre o homem e a sociedade são invertidos pelo socialismo. Além do princípio da dignidade do homem da antropologia cristã, há um segundo princípio a ele intimamente ligado pela Doutrina Social da Igreja: o da igualdade fundamental dos homens. A igualdade radical de todos os homens, criados à imagem de Deus, é uma verdade fundamental da doutrina cristã" (p. 66), pois todos possuem a mesma natureza humana.

Os homens necessitam "reconhecer-se complementares, fazendo parte de um corpo (imagem do corpo místico de Cristo, de São Paulo), cuja unidade implica uma diversidade de funções para o bem geral e de cada um. Carecendo uns dos outros, os homens são levados a ajudar-se, a amar-se, a serem mutuamente prestáveis, devendo todos colaborar uns com os outros no bem comum da sociedade" (p. 69). "A sociedade está ordenada para a pessoa humana e para o seu bem e não o contrário. E como a causa última da sociedade é o bem comum, é este que mobiliza e unifica a sociedade civil" (p. 71).

 
Pe. Antônio Carlos D’Elboux
Pároco da Paróquia Sagrado Coração de Jesus
Saltinho – SP
 
Referência:
CAMACHO, Ildefonso. Cristãos na Vida Pública. Coimbra, Gráfica de Coimbra, sem ano.
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