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A dignidade das sepulturas

Publicado em 16 de agosto de 2023 - 15:17:18

O costume de sepultar os mortos é observado em todas as culturas e povos, mas com práticas rituais e objetivos diferentes. O sepultamento dos mortos também levou ao desenvolvimento e construção de túmulos, tumbas e monumentos funerários. Alguns desses monumentos resistiram ao tempo e se tornaram pontos turísticos muito conhecidos e visitados, como é o caso das pirâmides do Egito, as catacumbas romanas e os túmulos dos papas, bem como os cemitérios monumentais com obras de escultores renomados sobre as sepulturas.

Um dado histórico importante sobre o sepultamento dos mortos é que esse costume tem relação com a fixação do homem na terra. Segundo os historiadores, após sepultar os mortos, os grupos nômades desenvolveram o hábito de retornar ao local para visitar as sepulturas. Com o tempo, esse costume levou à fixação de alguns desses grupos nas proximidades dos locais onde sepultavam seus mortos. Nesses pequenos povoados antigos surgiram as necrópoles, ou seja, locais destinados ao sepultamento dos mortos. No processo de crescimento das cidades, sempre foi reservado um espaço para construir as sepulturas, o que conhecemos hoje como cemitérios.

No Antigo Testamento, o costume de sepultar os mortos era visto como uma obrigação religiosa. Sara foi sepultada numa gruta que Abrão adquiriu dos hititas e depois ele próprio foi ali sepultado. Esse local ainda hoje é reverenciado e visitado. Quando os israelitas deixaram o Egito, levaram os ossos de Jacó para serem sepultados em Canaã, conforme instruções que ele mesmo havia deixado. Outro exemplo de respeito pelos mortos foi a atitude de Davi, que mandou sepultar os corpos de Saul e Jonatas, depois que foram mortos pelos filisteus. Também no segundo livro dos Macabeus, encontramos um texto que fala sobre como Judas e seus companheiros recolheram os mortos e os sepultaram junto aos seus antepassados.

No Novo Testamento, particularmente nos Evangelhos, encontramos três ocasiões em que aparece o cuidado com os mortos. O primeiro é o sepultamento de João Batista, que, após ser decapitado por ordem do rei Herodes, teve seu corpo recolhido pelos discípulos e enterrado. Outra passagem é o sepultamento de Lázaro e, segundo o relato, quando Jesus chegou, já haviam se passado quatro dias desde o acontecimento. O terceiro é o sepultamento do próprio Jesus, que ocorreu num sepulcro escavado na rocha. De acordo com a narrativa, não houve muito tempo para preparar o corpo, como era o costume judaico. Quando voltaram para terminar a preparação, as mulheres encontraram a pedra removida e os panos que envolviam o corpo dobrados sobre uma pedra, porém não encontraram o corpo.

Os cristãos sempre seguiram o costume de sepultar seus mortos. Nos primeiros séculos de perseguição em Roma, foram utilizadas as catacumbas. Depois que os cristãos deixaram de ser perseguidos e começaram a construir suas igrejas, tornou-se costume deixar uma parte do terreno para a construção de cemitérios. Nos mosteiros ou nas grandes igrejas e, principalmente, nas catedrais, também eram reservados espaços para a construção de túmulos. Geralmente, no subsolo dos templos, estavam as criptas, que eram esses espaços destinados a sepulturas, onde alguns nobres e religiosos eram enterrados. O costume de sepultar os bispos diocesanos na catedral permanece até os dias atuais.

Quando a Catedral de Piracicaba foi construída, há quase oitenta anos, foi planejado um espaço para a cripta no subsolo da Igreja, abaixo da capela do Santíssimo Sacramento, e os túmulos ficam abaixo do presbitério, na direção do altar principal. Esse espaço ficou em desuso por algum tempo, mas agora está sendo reativado para abrigar os restos mortais dos três primeiros bispos da diocese: Dom Ernesto de Paula, Dom Aníger Francisco Maria Melillo e Dom Eduardo Koaik, além do Monsenhor Manuel Francisco Rosa, que auxiliou na construção da catedral.

A cripta deverá continuar sendo o local de sepultamento dos próximos bispos, quando de sua morte, pois possui espaços destinados para isso. Além disso, a partir de agora, toda primeira quinta-feira do mês haverá a celebração da Santa Missa em memória dos bispos falecidos. Dessa forma, damos mais um passo no restauro e na conclusão de nossa catedral, enquanto nos preparamos para celebrar os 80 anos da Diocese de Piracicaba.

Dom Devair Araújo da Fonseca
Bispo de Piracicaba
 

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