Desde os primórdios da humanidade, um conjunto de três atividades humanas foi essencial para o desenvolvimento da sociedade: agricultura, comércio e indústria. A primeira atividade, a agricultura, possibilitou que os grupos humanos deixassem a vida nômade para se estabilizar, passando a cultivar a terra e cuidar de pequenos rebanhos. Mais tarde, o excedente da produção passou a ser comercializado, através de trocas, de acordo com as necessidades de cada grupo. Um pouco mais adiante no tempo, a produção de bens de consumo, como objetos de barro e metal, tecidos e uma grande variedade de outras coisas, aumentou, gerando uma produção em maior escala.
Agricultura, comércio e indústria tornaram-se o motor do desenvolvimento da economia, das cidades e da civilização tal como conhecemos. É claro que esse desenvolvimento não foi uniforme e nem sempre crescente. Em diversos momentos históricos, dificuldades, crises, doenças e pragas afetaram não só a continuidade do desenvolvimento, mas também causaram o declínio e o retrocesso social e humano. Na tentativa de reerguer as atividades fundamentais, a sociedade aprendeu a se organizar na forma de cooperativas ou associações, tanto para garantir a produção quanto a comercialização dos bens necessários.
Esse tipo de organização também impulsionou o crescimento social e, em alguns casos, surgiu diante de uma situação problemática. Na década de trinta do século passado, ocorreu uma grande crise causada pelo aumento excessivo da produção, pela falta de regulamentação econômica e pelo excesso de crédito, que levaram ao aumento da especulação. Esse período foi chamado de "Grande Depressão". Foi nesse contexto que nasceu a ACIPI, a Associação Comercial e Industrial de Piracicaba. A crise gerou uma iniciativa da sociedade civil com o objetivo de trabalhar para vencer as dificuldades causadas pelo colapso da economia mundial. O que podemos aprender com esse movimento?
A primeira coisa é que a vida social exige de nós um compromisso com o desenvolvimento comum. A associação de pessoas de boa intenção promove o trabalho, gera crescimento e desenvolvimento social. Em segundo lugar, a crise e as dificuldades se tornam ocasiões para novas oportunidades e fortalecem os empreendedores. No entanto, o empreendedor com visão de futuro é aquele que compreende que não pode vencer sozinho, buscando outros e se associando no trabalho e na construção social. Por fim, é preciso pensar na renovação para garantir a continuidade, cada época apresenta seus próprios desafios. Ao longo desses 90 anos, a ACIPI vem atuando dessa forma.
Recordando as palavras do Papa Francisco na Carta Encíclica Fratelli Tutti: "É verdade que a atividade dos empresários é uma nobre vocação, orientada para produzir riqueza e melhorar o mundo para todos." Uma nobre vocação que precisa considerar o bem comum, pois quanto mais se compreende isso e quanto mais associações humanas, como a ACIPI, trabalharem nesse sentido, tanto mais alcançaremos o desenvolvimento para todos. O progresso não vem pelo assistencialismo, mas com iniciativas de trabalho, formação, educação e aprimoramento das capacidades humanas. A Casa Comum e a cidade que idealizamos para o futuro dependem das iniciativas, do trabalho e dos valores plantados hoje.
Dom Devair Araújo da Fonseca
Bispo de Piracicaba