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A Fraternidade segundo o Servo de Deus Fulton Sheen

Publicado em 10 de julho de 2023 - 11:05:55

Depois de compartilhar os escritos do Servo de Deus Fulton Sheen sobre igualdade e liberdade tirados do livro “Justiça & Caridade” (Editora Molokai, 2020), vamos finalizar com a “fraternidade” e a partir de artigo igualmente escrito em 1938, mas que, como os dois anteriores, mantém-se atual e útil à realidade em que vivemos.

Antes, todavia, gostaria de ressaltar não ter tido preocupação com rigor científico em distinguir “comunismo” de “socialismo”, tampouco fazer defesa incondicional do capitalismo. Aqui não é o espaço para isso e nem eu sou habilitado ao papel. Mas creio que as próprias críticas de Fulton Sheen a esse último sistema, transcritas nos artigos anteriores, demonstram exatamente o contrário, pois o “capitalismo selvagem” e sua mais recente e degenerada “cria”, o “anarcocapitalismo”, por visarem somente o lucro e rejeitarem o “’bem comum’ da coletividade” (com o perdão da redundância), primado da Doutrina Social da Igreja, sem sombra de dúvida devem ser combatidos e repudiados.

Voltando ao tema, Fulton Sheen cita o nº 82 da encíclica Quadragesimo Anno (do Papa Pio XI, de 1931), que se amolda muito bem ao cenário atual do nosso Brasil: “A sociedade hoje continua num estado tenso e, portanto, instável, fundamentando-se em classe com interesses contraditórios e, portanto, opostas uma à outra e, consequentemente, propensas à inimizade e ao conflito”. E na sequência exorta: “Ponhamos isto nas nossas cabeças: jamais teremos ordem social incitando o capital e o trabalho à violência. (...) a fraternidade, a igualdade e a amizade entre os homens não podem nascer da inveja, do ódio, da violência e dos ‘expurgos’, como a honestidade não pode nascer se dando aos bandidos o privilégio de roubar”.

Fulton Sheen, homem da Igreja que sempre foi, apresenta uma primeira “solução”: “reconstruir a sociedade, não sobre ‘direitos’ egoístas, mas com base na função, ‘unindo os homens, não de acordo com a posição que ocupam no mercado de trabalho, mas segundo as diversas funções que exercem na sociedade”, justificando seu posicionamento pelo simples fato de não se poderem “ter direitos sem os deveres correspondentes. Mas se há direitos e deveres correspondentes, então a atividade econômica tem um caráter social. Então a palavra ‘direito’ dá o seu lugar à palavra ‘papel’ ou ‘função’”.

E o Estado, como deve atuar perante os cidadãos e os meios de produção? Deve se distanciar dos extremos, equivocados que são em qualquer circunstância: o extremo da absoluta omissão “em que o Estado nada tem a dizer, que é o individualismo”, e outro, da absoluta intromissão “em que o Estado tem tudo a dizer, que é o fascismo ou o comunismo”. Ao tempo em que escreveu essas linhas, o famigerado nazismo alemão, embora já consolidado politicamente, não ostentava o protagonismo adquirido durante a Segunda Guerra Mundial (de 1939 a 1945), pois bem se sentaria ao lado do comunismo, faces que são da mesma moeda diante da aversão à democracia e louvação do totalitarismo e o desrespeito à lei e ao Estado de Direito, sufocando as liberdades de qualquer espécie que se contraponham aos objetivos particulares dos ditadores de plantão.

Seguramente teríamos uma sociedade melhor se se levasse a termo a posição defendida pela Igreja externada na encíclica Divini Redemptoris (nº 54) também do Papa Pio XI (1937) citada por Fulton Sheen: “’o reinado da colaboração mútua entre a justiça e a caridade nas relações social-econômicas (que) só pode ser alcançado por um corpo de organizações profissionais e interprofissionais, edificado sobre sólidas fundações cristãs, trabalhando em conjunto para realizar, em formas adaptadas a diferentes lugares e circunstâncias’, o bem comum”. A “justiça” defendida deve existir “para moderar os excessos de uma falsa liberdade que permitiu aos homens acumularem riquezas sem responsabilidades sociais”; já a “caridade” tem como norte “mitigar o ódio da classe que os comunistas gostariam de exacerbar”, rematando de forma muito reflexiva: “não pode haver justiça e caridade sem uma vigorosa crença no Deus que julga e no Deus que perdoa”, pois aí nos reconheceríamos, todos, como irmãos e filhos do mesmo Pai.

Infelizmente estamos distantes desse objetivo, mas devemos perseverar nesse caminho a fim de bem cumprirmos as tantas e variadas missões que o Senhor confia a cada um de nós, sem nos desviarmos dessa estrada segura que nos conduz à construção, já aqui, do Céu, e, no futuro, nossa salvação eterna!

Roguemos à Santa Mãe de Deus e ao Anjo da Guarda do Brasil para trilharmos essa senda! Abraços fraternos do vosso irmão em Cristo Jesus!

Rogério Sartori Astolphi
Juiz de Direito

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