Na Quadragesimo Anno, Pio XI apresenta o comunismo “com traços muito duros e precisos. Esta facção ‘ensina e persegue duas coisas, de modo não oculto e dissimulado, mas clara e abertamente, recorrendo a todos os meios, ainda os mais violentos: a encarniçada luta de classes e a total abolição da propriedade privada. Para lograr estas duas coisas não há nada que não invente, nada que o detenha; e com o poder nas suas mãos é incrível e até monstruoso o lado atroz e inumano com que se mostra (QA 112)’” (p.133). Para o Papa Pio XI “é preciso deplorar também a negligência de quem não se ocupa de lutar contra o presente estado” (p.133).
Quanto ao socialismo moderado, Pio XI reconhece “que nele se suavizaram muitas posturas radicais do socialismo primitivo e do comunismo. Tão pouco se ignora como muitas aspirações são muito atrativas para o cristão. No entanto, [...] reafirma-se a incompatibilidade desta forma de socialismo com a doutrina da Igreja. Duas razões justificam esta rejeição, que nem sempre permitem uma fácil identificação nos textos. Ambas escondem uma falsa concepção do homem: a primeira, a negação da abertura do ser humano à transcendência; a segunda, a subordinação da pessoa humana aos interesses materiais do socialismo (QA 118-119)” (p.133).
O Papa Pio XI também denuncia o capitalismo do seu tempo. “A denúncia baseia-se numa dupla constatação: por um lado, esse ‘tipo de economia em que se procede pondo uns o capital e outros o trabalho’ (refere-se ao capitalismo, evidentemente), a que não há que opor nenhuma objeção de princípio, evoluiu até tornar-se profundamente condenável pelos abusos do capital sobre o trabalho e o seu esquecimento sistemático da dignidade humana e do caráter social da economia (QA 101)” (p.134). O capitalismo “converteu-se em sistema mundial impondo as suas leis férreas sobre todos os povos (QA 102-103)” (p.134).
O Papa Pio XII “manterá a postura de firme condenação do comunismo, que continua sendo a grande ameaça para a Europa, depois da queda do fascismo” (p.134). Em 01 de Julho de 1949, o Santo Ofício estabeleceu duras medidas para os católicos: “a proibição de os católicos se filiarem em partidos comunistas ou de os favorecer; a proibição de editar, propagar ou ler publicações que patrocinassem a doutrina ou ação dos comunistas; a proibição de admitir nos sacramentos os católicos que incorressem nos atos atrás citados; a excomunhão ipso facto dos católicos que professassem ou propagassem a doutrina comunista” (p.135).
Para o Papa João Paulo II, na encíclica Laborens exercens, o capitalismo “subordinou a pessoa humana (e especialmente a pessoa do trabalhador) aos interesses econômicos, subvertendo a prioridade do trabalho sobre o capital. O coletivismo reagiu contra esta injustiça real atuando contra o que supunha ser a sua causa: a propriedade privada dos meios de produção. Por isso a substituiu pela propriedade coletiva. Mas isso não o livrou de cair no mesmo erro: a submissão do trabalhador aos interesses da classe dirigente (neste caso representados pela burocracia do Partido)“ (p.137).
A Doutrina Social da Igreja critica os sistemas econômicos porque nenhum deles “tem sido capaz de oferecer fórmulas que favoreçam um desenvolvimento verdadeiro e integral das pessoas e dos povos” (pp.137-138). Também o coletivismo “é explicitamente criticado porque nega direitos fundamentais, como ‘o direito à liberdade religiosa, o direito a participar na construção da sociedade, a liberdade de se associar ou de formar sindicatos e de tomar iniciativas em matéria econômica’” (p.138). A Sollicitudo rei socialis de João Paulo II “denuncia o abismo escandaloso e cada vez maior entre superdesenvolvimento e subdesenvolvimento” (p.139).
Pe. Antônio Carlos D´Elboux
Paróquia Sagrado Coração de Jesus
Saltinho – SP
Referência:
CAMACHO, Ildefonso. Cristãos na Vida Pública. Coimbra, Gráfica de Coimbra, sem ano.