A Igreja nasceu da vontade de Deus e foi instituída no tempo pelo ministério de Jesus. Ao final da sua presença entre os discípulos, o Senhor soprou o Espírito e os enviou em missão a todas as nações. A Igreja é assim continuadora da missão do Filho, sob a ação do Espirito. Pela pregação e pelo testemunho, às vezes até com o martírio, os apóstolos seguiram o mandamento do Senhor Jesus e eles também escolheram seus sucessores para continuar a missão. Assim a Igreja que temos hoje é aquela mesma fundada por Nosso Senhor, numa continuação apostólica e com a missão de evangelizar.
Por ser uma intenção divina, a Igreja é santa, mas porque é formada, no tempo, por nós, ela experimenta o sofrimento do pecado. Como realidade divina e santa, nos caminhamos para ser Igreja, buscando a conversão das fragilidades a cada dia. Isso só é possível por causa do amor de Deus, que nos amou por primeiro e continua nos amando. Antes de nós, muitos santos, homens e mulheres, fizeram essa experiência de amor e conversão e testemunharam a santidade. Na vida dos santos brilha a Santidade de Deus e a beleza da Igreja, que anima nossa caminhada.
Por sua natureza, a Igreja é ao mesmo tempo visível no tempo e invisível na eternidade. A Igreja visível somos nós, batizados e convidados a viver a vida sob a luz do Evangelho. A Igreja invisível é formada por aqueles que, antes de nós, já testemunharam a fé com fidelidade ao Cristo. Por isso, formamos com os santos uma grande família, envolvida pelo amor do Pai. A Igreja não é lugar, construção de tijolos ou um barracão, ela é família de irmãos em Cristo, filhos adotivos do Pai, conduzida pelo Espírito. A Igreja é família que se reúne em torno da mesa da Palavra e da Eucaristia para alimentar-se.
Por nossas deficiências, às vezes, fazemos aparecer muito mais aquilo que divide a família e que destrata a beleza da Igreja. Nossas palavras e gestos podem afastar irmãos mais frágeis ou mesmo impedir a aproximação daqueles que poderiam fazer parte da família. O que fazemos não é apenas de nossa responsabilidade, nós apresentamos a Igreja ao mundo. Na vida cotidiana ou familiar, no trabalho ou nos momentos de lazer, somos Igreja inserida na realidade. Podemos trabalhar para a construção de uma sociedade mais justa ou manchar a imagem da Igreja, separando a fé e a vida.
A Igreja nos gera como mãe e nos ensina como mestra, a ela devemos amar e defender com nossas palavras e atitudes. Onde está um filho da Igreja, aí a Igreja está presente. Onde está um filho da Igreja, aí deve brilhar o ensinamento da Igreja. Onde está um filho da Igreja, aí deve prevalecer a verdade, a honestidade e justiça. Somos filhos da mãe Igreja, uma senhora sábia e paciente, capaz de amar e perdoar. O ano missionário é um tempo propício para apresentar toda a beleza da Igreja, a força dos seus ensinamentos, essa nossa tarefa como discípulos de Jesus e filhos da Igreja, inseridos na sociedade.
Dom Devair Araújo da Fonseca
Bispo de Piracicaba