No Antigo Testamento, uma das doze tribos de Israel foi escolhida como sacerdotal e a ela foram destinadas as tarefas no Templo. Os sacerdotes estavam encarregados de apresentar as ofertas e realizar os sacrifícios em favor do povo. No Novo Testamento, Jesus assumiu a função sacerdotal, segundo a ordem de Melquisedec, como afirma a Carta aos Hebreus. Ao instituir a Eucaristia, na última ceia, o Senhor também instituiu o sacerdócio. Na sequência, os apóstolos escolheram seus sucessores, os bispos, para continuarem a missão e por causa do surgimento de novas comunidades.
Até o século quinto as comunidades cristãs alcançaram a estrutura ministerial que vemos ainda hoje, guiadas pelo Espírito Santo. Os bispos e os presbíteros conservaram o caráter sacerdotal, enquanto os diáconos o carisma do serviço. O Concílio Vaticano II, na Lumen Gentium, apresentou o ministério ordenado, bispos, presbíteros e diáconos como servidores no corpo da Igreja. Em outro documento, Presbyterorum Ordinis, o Concílio tratou da vida e ministério dos presbíteros e na Optatam Totius, apresentou os rumos para a formação sacerdotal, segundo os novos desafios.
Nas palavras de São João Paulo II, “a Eucaristia edifica a Igreja e a Igreja faz a Eucaristia”. O batismo nos insere na Igreja, Corpo Místico de Cristo, e nos faz irmãos, um povo sacerdotal. Mas é preciso considerar que o sacerdócio comum dos fiéis e o sacerdócio ministerial ou hierárquico se diferenciam, não apenas em grau, mas no modo de participação do único sacerdócio de Cristo. O sacerdócio ministerial, pelo poder sagrado, preside, forma e conduz o povo sacerdotal, na escuta da Palavra de Deus e na liturgia, de forma máxima na Eucaristia, ajudando a edificar a Igreja.
O serviço sacerdotal não pode ser descuidado e nem substituído por alguma forma de criatividade ou “novidade” cultural ou ideológica. Os sacerdotes nascem do meio do povo de Deus, são homens que respondem à proposta de Deus, de uma doação integral da sua vida. Especulações sobre sacerdócio e sobre o celibato não ajudam e nem fortalecem a vida sacerdotal. É preciso amar os sacerdotes e fomentar as vocações sacerdotais. Os sacerdotes de hoje são homens que trazem as alegrias e as dores do nosso tempo. Junto com o povo de Deus fazem um caminho de santidade.
Como qualquer outra pessoa, os jovens em formação e os presbíteros tem uma realidade humana, afetiva e cultural, que vai sendo trabalhada para alcançar sua maturidade. A Igreja forma os seus ministros para o exercício do ministério, com o cuidado de trabalhar todas as dimensões do ministério. Mas esse processo não está isento de conflitos pela própria realidade humana, com casos de grande sofrimento. Quando surgem problemas, a Igreja – seja o bispo na instância local ou a Santa Sé em caráter universal –, precisa intervir com maior ou menor intensidade, mas sempre com caridade para reparar ou corrigir os problemas.
Algumas vezes, o uso equivocado das redes sociais se torna um obstáculo e fonte de maledicências contra os ministros ordenados. No Evangelho, Jesus ensina que a semente foi lançada em todos os lugares e o semeador soube esperar o tempo da colheita, para retirar o joio e recolher o trigo. Caminhando pelas cidades, Jesus viu a multidão cansada e disse que eram necessários muitos operários. Numa pastoral urbana cada vez mais exigente, a oração pelas vocações e pela santificação dos ministros ordenados é um dos mais importantes compromissos das nossas comunidades.