Colunas

  • Em Foco
  • Colunas
  • A Doutrina Social da Igreja na eclesiologia do Vaticano II

A Doutrina Social da Igreja na eclesiologia do Vaticano II

Publicado em 13 de abril de 2023 - 15:01:57

A eclesiologia da Constituição Conciliar sobre a Igreja, chamada de Lumen Gentium, “situa em coordenadas diferentes a maneira de entender as relações da Igreja e da sociedade. Trata-se de uma eclesiologia da missão. A Igreja não se entende ultimamente senão a partir da sua missão de tornar presente no mundo a mensagem de Deus, anunciando-o e pondo em realização o seu conteúdo” (CAMACHO, p.92). Também o Papa Paulo VI, na Exortação Apostólica Evangelii Nuntiandi (número 14), disse claramente que a Igreja existe para evangelizar e faz “a distinção entre Igreja, mundo e reino de Deus" (p.92).

O reino de Deus “é a meta para que caminha a humanidade, em que todos seremos efetivamente irmãos: em última instância é um dom de Deus, mas desde hoje caminhamos, imperfeita e sinuosamente, para lá. A Igreja quer ser sacramento desse Reino, como avanço e anúncio do mesmo e, ao mesmo tempo, esforçar-se para que o mundo se encaminhe para essa meta. O mundo é uma realidade mais ampla que a Igreja, nunca coextensiva com ela; além disso, nunca chegará a realizar aqui em plenitude essa fraternidade universal que é o reino de Deus” (p.92). A distinção entre Igreja e sociedade faz com que não haja qualquer controle da sociedade por parte da Igreja.

A Igreja “não está acima da sociedade civil, mas antes faz parte dela. Por isso, enquanto parte da sociedade civil, a Igreja deverá renunciar a todo o tipo de poder coactivo ou a um estatuto civil privilegiado e aceitar o estatuto de associação intermédia, juntamente com muitas outras parecidas que existem na sociedade. Como tal, poderá exercer e reclamar os seus direito à existência, à autonomia interna e à liberdade de ação e expressão, mas correrá também o risco, como qualquer outra associação, de ser agredida, perseguida, etc.” (p.93). Neste sentido, a Igreja é chamada ser transparente e a ser desprendida.

A eclesiologia do Vaticano II “é também uma eclesiologia de comunhão. A partir desta ótica compreende-se melhor o papel dos leigos. É através deles que se leva a cabo essencialmente a presença da Igreja no mundo. Porque esta presença não se traduz em dirigi-la a partir de cima, mas em se inserir em todos os âmbitos da vida social: a Igreja, torna-se, então, levedura na massa. Numa sociedade secular e pluralista, a Igreja assume também uma forma de presença plural” (p.94). Alguns Padres Conciliares até se manifestaram sobre o abandono da expressão “Doutrina Social da Igreja”, mas a maioria preferiu manter tal expressão.

Na Doutrina Social da Igreja (DSI) nem tudo é novo. “Por esta razão parece preferível manter a expressão, embora sublinhando simultaneamente a continuidade e a novidade. Sem dúvida que há que falar, a propósito da doutrina social da Igreja, de um antes e um depois do Vaticano II” (pp.94-95). “A DSI surge historicamente como resposta aos problemas típicos da sociedade industrial em nascimento, em concreto, ao conflito capital-trabalho” (p.95). Na primeira fase da DSI são feitas referências ao direito natural, ponto de partida para a elaboração doutrinal. Hoje busca-se mais a realidade como ponto de partida.

Até ao Vaticano II “o magistério social tinha sido uma preocupação predominantemente doutrinal. A eclesiologia conciliar abre caminho e uma focagem mais rica, consequente com a dimensão comunitária da Igreja e com a consciência da sua inserção no dinamismo histórico” (p.97). A realidade deve ser submetida ao juízo moral a partir da mensagem cristã e da ampla tradição eclesial “É toda a comunidade eclesial que intervém, cada um segundo a sua função e as suas competências. E além disso nem sempre atua a comunidade universal; os problemas concretos de cada lugar devem ser analisados e discernidos pelas comunidades locais” (p.98).

Pe. Antônio Carlos D´Elboux
Pároco da Paróquia Sagrado Coração de Jesus
Saltinho – SP

Referência

CAMACHO, Ildefonso. Cristãos na Vida Pública. Coimbra, Gráfica de Coimbra, sem ano.

Anunciantes
Em Foco - Diocese de Piracicaba
Diocese de Piracicaba

Diocese de Piracicaba

O site Em Foco é o meio de comunicação oficial da Diocese de Piracicaba

Assessoria de Comunicação

Segunda a Sexta das 8h30 às 11h30 e das 13h30 às 17h30

Diocese de Piracicaba

Av. Independência, 1146 – Bairro Higienópolis - Cep: 13.419-155 – Piracicaba-SP - Fone: 19 2106-7556
Desenvolvido por index soluções