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Doutrina Social da Igreja até o Concílio Vaticano II

Publicado em 23 de março de 2023 - 15:24:38

O momento inicial da Doutrina Social da Igreja é tido como a encíclica Rerum Novarum, de Leão XIII (ano de 1891). “Uma primeira razão refere-se às condições criadas pela recente revolução industrial e a gravidade crescente da chamada ‘questão social’. Nos países que haviam entrado na senda da industrialização [...] a ideologia liberal capitalista e o sistema de mercado provocaram a exploração e o empobrecimento radical de grandes massas da população, fugida da dureza do mundo rural para os grandes centros industrializados nascentes em busca de condições de vida mais dignas” (p.53).

Os salários e as condições de trabalho “degradaram-se até ao indescritível; entretanto, o ritmo de produção e de acumulação de capital disparava, enquanto que os ganhos derivados deste processo se repartiam desigualmente e eram controlados pelas classes mais poderosas da nova sociedade. [...] Uma segunda razão há que buscá-la, provavelmente, no fato de a Igreja encontrar mais perspectivas de ação no campo social que no político. O novo modelo político, nascido da Revolução, é tão inaceitável para os católicos do século XIX que não concebem nenhum tipo de compromisso com ele” (p.54).

Três coordenadas balizam esta nova reflexão que receberá a denominação de doutrina social da Igreja: “uma mentalidade nova (a liberal burguesa), possibilidades técnicas novas (revolução industrial) e recursos econômicos acumulados sobre uma base de lucro privado (capitalismo). É nesse quadro que se desencadeia o grande conflito típico da época – a chamada ‘questão social’ – que se converte no centro de atenção da doutrina social desde os seus começos” (p.55). A doutrina social orienta os católicos no campo social e mantém sua unidade em terreno fragmentado por polêmicas ideológicas.

O confronto da Igreja “com o liberalismo e o socialismo caracteriza todo o período que decorre desde os começos da DSI até ao final da 1ª Guerra Mundial” (p.58). “A Igreja não se identifica com nenhum tipo de regime político; está disposta a conviver com qualquer, desde que respeite os princípios de uma reta ordem pública” (pp.64-65). Na passagem do século XIX para o século XX havia uma grande incompatibilidade entre a Igreja e a mentalidade liberal, “apesar dos esforços de alguns grupos católicos em mostrar que era possível o entendimento (os chamados ‘católicos liberais’)” (p.65).

Nos tempos dos Papas Pio XI e Pio XII, há um período marcante: a II Guerra Mundial. Neste tempo temos três núcleos doutrinais: “o primeiro é constituído por uma encíclica fundamental, Quadragesimo anno de Pio XI que se confronta com o totalitarismo econômico; o segundo é mais conjuntural e compreende a condenação dos totalitarismos ideológicos e políticos (nazismo e comunismo); o terceiro abarca o extenso pontificado de Pio XII, e a sua grande tarefa de desenhar uma ordem política estável e duradoura” (p.67). Para Pio XI capital e trabalho são necessários na sociedade industrial e devem viver harmoniosamente.

Para o Papa Pio XI “a origem de todos os males da sociedade residia nas paixões desordenadas da alma (QA 130), traduzidas numa insaciável sede de riquezas e de bens temporais (QA 132) resultante de uma influência contagiante dos dirigentes da vida econômica sobre toda a sociedade. Com base neste diagnóstico, o remédio não pode ser outro senão fazer voltar os homens para a doutrina evangélica (QA 136)” (p.69). Esta proposta se concretiza na busca da moderação, procurando um justo equilíbrio ente os meios e os fins, e na prática da caridade, onde se unem os espíritos e se complementa a justiça.

Pe. Antônio Carlos D´Elboux
Pároco da Paróquia Sagrado Coração de Jesus
Saltinho – SP

Referência

CAMACHO, Ildefonso. Cristãos na Vida Pública. Coimbra, Gráfica de Coimbra, sem ano.

 

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