“É agora o momento favorável, é agora o dia da salvação” (2Cor 6, 2)

Estamos em plena travessia da Quaresma, tempo de preparação para a Páscoa em que, a partir da boa preparação e disposição de nossos corações, viveremos a festa central do Cristianismo: a Paixão, Morte e Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo, memória do maior fato da história da humanidade em que a Graça tocou o tempo e o santificou, em que Deus se fez homem e habitou entre nós (cf. Jo 1, 14).

Em cada novo ano somos convidados, de partida e na Quarta-Feira de Cinzas, a intensificar nossa vida de oração (nossa relação com Deus), jejuar e fazer penitência (nossa relação conosco), e partilhar, ajudar a quem mais precisar (nossa relação com o próximo). Esse tripé é fundamental, importando compreender que somos seres feridos e que precisamos nos reabastecer em forças espirituais no convite que a Igreja nos faz no tempo quaresmal, pois

“É agora o momento favorável, é agora o dia da salvação” (2Cor 6, 2)

Em seguida, a estrutura litúrgica da Quaresma, particularmente a dos domingos, nos propõe lutar contra as tentações, fraquezas nossas e ações contrárias de Satanás (1º Domingo da Quaresma), sabendo, todavia, que somos predestinados a, um dia, estarmos com Jesus Glorioso (2º Domingo); depois, conscientizarmo-nos de que na vida cristã, a “vida nova”, só Jesus Cristo sacia e mata a sede (3º Domingo), a tanto nos valendo da fé, virtude de Deus que nos permite verdadeiramente enxergar os caminhos por onde devemos andar (4º Domingo); finalmente, concluindo esses passos, reconhecer que somente Jesus Cristo traz a ressurreição e a vida (5º Domingo), que não termina aqui, nesta realidade, onde apenas começa.

É um caminho de cruz, queridos irmãos e irmãs, uma Via Crucis, mas que não trilhamos sozinhos e sim em comunhão com Jesus, enxertados Nele, a “videira verdadeira” (Jo 15, 1). Logo, não se mostra difícil perceber que é um caminho de graças e bênçãos, com seus conflitos, pesos e dificuldades, é bem verdade, mas essencial e insubstituível para “sermos mais de Deus”, caminho que somente se consegue bem percorrer se permanecermos em Cristo, certo de que “O ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira" (Jo 15, 4).

Intensificando a vida de oração, mortificando-nos pelo jejum e penitência, e ajudando os sofrimentos de nossos irmãos, Deus acaba estabelecendo conosco uma profunda relação de amor, e nós, de nossa parte, podemos estabelecer com o próximo uma relação similar, amando-o como Deus nos ama.

“É agora o momento favorável, é agora o dia da salvação” (2Cor 6, 2),

é agora o tempo e a hora para crescermos em Deus e lhe servirmos mais e melhor! A Quaresma passará, amados e amadas, mas que nós não passemos por ela de qualquer jeito! Vamos chegar ao seu final certos e resolutos de que não é brincadeira o convite de transformação de vida que Deus nos faz, Seu desejo de estarmos incrustrados Nele, enlaçados por Ele! E não se sinta atrasado, caro irmão, cara irmã: se você ainda não começou seu itinerário quaresmal, ainda dá tempo! Coragem!!

E pense bem: ao final da Quaresma os seus e os meus desafios poderão estar iguais, ou até piores... Mas se você e eu desejarmos seguir adiante com o Senhor, buscando Sua presença, estando em Sua presença todos os dias, o que, então, temer?!

Mesmo que as perspectivas de Brasil e de mundo, para um futuro próximo, não pareçam das melhores; mesmo que nesses horizontes vislumbremos “nuvens carregadas”; e mesmo que nos sintamos oprimidos por forças superiores às nossas, vamos dizer: “Senhor, sois meu abrigo, minha fortaleza, meu Deus em quem confio!” (Sl 90, 2)

Que Nossa Senhora das Dores interceda por cada um de nós e nos ensine a caminhar com seu Filho Amado!

Abraços fraternos a todos!

Rogério Sartori Astolphi
Juiz de Direito