A ação pastoral acontece, de modo concreto, na paróquia que é uma realidade jurídica e territorial. A paróquia tem uma estabilidade e é justamente isso que deve facilitar todo o trabalho pastoral, em benefício do povo que mora naquela área geográfica. No contexto paroquial convivem as diversas pastorais, os serviços e movimentos, que devem trabalhar em conjunto para a evangelização e missão. Podemos dizer que a ação pastoral e a missão, são o conjunto desses trabalhos que acontecem na paróquia, realizados pelas diferentes realidades. Para que esse trabalho seja ao mesmo tempo diversificado e gere comunhão, é necessária uma Pastoral de Conjunto.
A Pastoral de Conjunto não é uma outra frente de pastoral, ela é o esforço das pastorais, serviços e movimentos para trabalharem em união. É um empenho para colocar em comum a riqueza de cada uma das realidades, a diversidade dos dons e carismas, em favor e benefício da mesma ação evangelizado. Visivelmente, a Pastoral de Conjunto se configura no encontro das representações das pastorais, serviços e movimentos para compartilhar e projetar ações pastorais. Aqui podemos afirmar que ao fazer uma reunião do Conselho de Pastoral, com esses dois objetivos, as pastorais, serviços e movimentos realizam uma ação sinodal paroquial. A Pastoral de Conjunto é, portanto, uma Pastoral Sinodal.
Sem esse desejo e comprometimento de caminhar juntos, a ação pastoral, embora bem-intencionada, arrisca se tornar uma ação personalista, individualista e autoritária. Uma pastoral, serviço ou movimento que não comunica aquilo que realiza e não faz projetos em comunhão com as outras realidades é uma ação que gira em torno de si mesma. Essas realidades correm o risco, e é bastante comum, de se tornarem propriedade de uma liderança, que não permite nenhum tipo de renovação e, às vezes, nem a entrada de novos membros. São ações cristalizadas, sem criatividade, repetitivas e que chegam a fazer oposição e boicote quando é proposta alguma mudança.
Quando uma liderança tem essas atitudes, a consequência direta é o envelhecimento da pastoral, serviço ou movimento. Também acontece um falso “profissionalismo” de alguém que repete a mesma ação, o mesmo serviço há vários anos, às vezes, décadas. A justificativa frequente é que: “Não tem ninguém para fazer esse serviço”. Mas se em comunidade, ao longo de anos, não existe a renovação das lideranças, o problema realmente é grave. Da mesma forma, quando uma pastoral, serviço ou movimento não recebe novos integrantes, é preciso fazer uma profunda reflexão sobre a sua própria atuação e testemunho dos seus atuais membros. Quem participa de uma pastoral, serviço ou movimento é que deve fazer a sua divulgação. Não é preciso ficar esperando o convite do padre ou do diácono.
O trabalho da Pastoral de Conjunto é, primeiramente, promover a comunhão da ação pastoral. Mas também cabe a ela, enquanto reúne párocos, vigários e administradores paroquiais, diáconos permanente, religiosos e lideranças leigas, a atenção sobre a necessidade de renovação e atualização da ação pastoral e dos membros das pastorais, serviços e movimentos, resguardando, é claro, as exigências normativas próprias dessas realidades, quando existirem. Através da Pastoral de Conjunto é preciso prestar atenção à voz do Espírito para reanimar a força missionária da Paróquia e o seu testemunho sinodal. A comunhão na ação pastoral é sinal da unidade em Cristo Ressuscitado e da vitalidade da Igreja.
Dom Devair Araújo da Fonseca
Bispo de Piracicaba