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A missa não é um programa de auditório

Publicado em 27 de fevereiro de 2023 - 17:16:17

Um programa de auditório tem uma produção e uma finalidade que é agradar e divertir o público, seja o que está no auditório ou aquele de casa. A variedade de atrações, shows e novidades é parte da estratégia para atrair e manter a atenção dos espectadores. Há diferentes tipos de programas de auditório e diferentes apresentadores, a criatividade deles parece não ter limites e tudo é feito em nome da audiência. Também os patrocinadores estão de olho na audiência e pagam para que seus produtos tenham maior visibilidade. Prender a atenção do público e ganhar dinheiro é o que sustenta um programa de auditório. 

Porém, é preciso considerar seriamente uma coisa: a missa não um programa de auditório. O sacerdote não é um apresentador e a liturgia não é um espaço para a livre criatividade. A missa é o memorial do sacrifício do Senhor, que no mistério da cruz deu a sua vida por nós. Ao celebrar aquela última ceia como os discípulos, Jesus tomou o pão e o vinho e os apresentou como seu corpo e sangue. As palavras do Senhor transformaram aquela realidade e estabeleceram o modo novo da sua presença entre os discípulos em todo tempo e lugar. Quando celebramos a missa, o mistério se atualiza no hoje da comunidade dos discípulos.

As primeiras comunidades, lideradas pelos apóstolos, entenderam a importância dos gestos do Senhor e cuidaram de transmitir com fidelidade o que ele fez e falou. À medida em que o Evangelho foi se espalhando, ele entrou em contato com diferentes culturas e teve início um processo de inculturação, isto é, uma mutua influência entre a fé cristã e as novas culturas. Neste longo processo de formação, de modo especial, a liturgia absorveu elementos, palavras, gestos e costumes que têm um sentido próprio. Através da liturgia, a Igreja desenvolveu regras para os seus ritos e celebrações, que não podem ser modificadas ao bel-prazer ou sob o pretexto de criatividade.

A liturgia não está à disposição de invenções criativas, com a ideia de interação com o público, de participação ativa e nem de renovação. Não é possível incluir gestos, ritos ou danças para acomodar a celebração ao gosto de quem preside, à vontade dos catequistas ou dos que prepararam a celebração. Tais mudanças no rito são fruto do desconhecimento do significado dos gestos e palavras que a liturgia da Igreja usa. Um outro problema é que a criatividade não tem limites e a cada celebração se deve criar algo novo, que prenda mais atenção e que atraia mais. O show deve continuar e melhorar sempre.

A liturgia não é feita por atores, comediantes ou apresentadores de shows, ela é pensada para que os batizados celebrem a sua fé de maneira clara e em qualquer lugar onde estiverem. Todos nós somos servidores na liturgia, ministros ordenados ou ministros leigos e a assembleia, a seu modo, participa com gestos e palavras. Além disso a liturgia guarda a Tradição da Igreja e dessa forma ela ajuda a comunidade a rezar o que acredita e acreditar no que reza. Portanto, mexer na estrutura da liturgia é colocar em risco a fé da Igreja. Somos sacerdotes, ministros da Igreja, a serviço do povo de Deus e devemos primar pela beleza da liturgia, sem extravagâncias e sem estrelismos, pois o que celebramos é mistério de Cristo.

Dom Devair Araújo da Fonseca
Bispo de Piracicaba

 

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