A encíclica Laudato Si´ afirma que é “importante que as diferentes partes de uma cidade estejam bem integradas e que os habitantes possam ter uma visão de conjunto em vez de se encerrarem num bairro, renunciando a viver a cidade inteira como um espaço próprio partilhado com os outros. Toda a intervenção na paisagem urbana ou rural deveria considerar que os diferentes elementos do lugar formam um todo, sentido pelos habitantes como um contexto coerente com a sua riqueza de significados. Assim, os outros deixam de ser estranhos e podemos senti-los como parte de um ‘nós’ que construímos juntos” (nº 151).
Papa Francisco ensina que nas “condições atuais da sociedade mundial, onde há tantas desigualdades e são cada vez mais numerosas as pessoas descartadas, privadas dos direitos humanos fundamentais, o princípio do bem comum torna-se imediatamente, como consequência lógica e inevitável, um apelo à solidariedade e uma opção preferencial pelos mais pobres” (nº 158). “O ritmo do consumo, desperdícios e alteração do meio ambiente superou de tal maneira as possibilidades do planeta, que o estilo de vida atual – por ser insustentável – só pode desembocar em catástrofes [...]” (nº 161).
O documento pontifício mostra que um “mundo interdependente não significa unicamente compreender que as consequências danosas dos estilos de vida, produção e consumo afetam a todos, mas principalmente procurar que as soluções sejam propostas a partir de uma perspectiva global e não apenas para defesa dos interesses de alguns países. A interdependência obriga-nos a pensar num único mundo, num projeto comum. Mas, a mesma inteligência que foi utilizada para um enorme desenvolvimento tecnológico não consegue [...] resolver as graves dificuldades ambientais e sociais” (nº 164).
O Papa argentino, nesta sua encíclica lançada em 24 de maio de 2015, adverte que para “os países pobres, as prioridades devem ser a erradicação da miséria e o desenvolvimento social dos seus habitantes; ao mesmo tempo devem examinar o nível escandaloso de consumo de alguns setores privilegiados da sua população e contrastar melhor a corrupção. Sem dúvida, devem também desenvolver formas menos poluentes de produção de energia. Mas para isso precisam contar com a ajuda dos países que cresceram muito à custa da atual poluição do planeta” (nº 172).
A encíclica constata que perante “a possibilidade de uma utilização irresponsável das capacidades humanas, são funções inadiáveis de cada Estado planificar, coordenar, vigiar e sancionar dentro do respectivo território. Como pode a sociedade organizar e salvaguardar o seu futuro num contexto de constantes inovações tecnológicas? Um fator que atua como moderador efetivo é o direito, que estabelece as regras para as condutas permitidas à luz do bem comum” (nº 177). O Papa diz que dado “que o direito por vezes se mostra insuficiente devido à corrupção, requer-se uma decisão política sob pressão da popula ção [...]” (nº 179).
Papa Francisco chama nossa atenção para a continuidade dos projetos, “porque não se podem modificar as políticas relativas às alterações climáticas e à proteção ambiental todas as vezes que muda um governo. Os resultados requerem muito tempo e comportam custos imediatos com efeitos que não poderão ser exibidos no período de vida de um governo. Por isso, sem a pressão da população e das instituições, haverá sempre relutância em intervir, e mais ainda quando houver urgências a serem resolvidas” (nº 181). “Sabemos que é insustentável o comportamento daqueles que consomem e destroem cada vez mais [...]” (nº 193).