Encíclica Laudato Si’ – terceira parte
Publicado em 15 de setembro de 2022 - 08:47:04
A encíclica Laudato Si´ do Papa Francisco afirma que é “preciso investir muito mais na pesquisa para se entender melhor o comportamento dos ecossistemas e analisar adequadamente as diferentes variáveis de impacto de qualquer modificação importante do meio ambiente. Visto que toda as criaturas estão interligadas, deve ser reconhecido com carinho e admiração o valor de cada uma, e todos nós, seres criados, precisamos uns dos outros” (nº 42). O Papa assinala “que muitas vezes falta uma consciência clara dos problemas que afetam particularmente os excluídos” (nº 49).
Papa Francisco adverte que “hoje, não podemos deixar de reconhecer que uma verdadeira abordagem ecológica sempre se torna uma abordagem social, que deve integrar a justiça nos debates sobre o meio ambiente, para ouvir tanto o clamor da terra como o clamor dos pobres” (nº 49). Ele escreve “que se desperdiça aproximadamente um terço dos alimentos produzidos, e ´a comida que se desperdiça é como se fosse roubada da mesa do pobre’” (Francisco, Catequese – 5 de junho de 2013) (nº 50). O respeito ao meio ambiente leva-nos a sensibilizar-nos em favor do pobre. Tudo é dom de Deus.
Laudato Si´ esclarece que “deve-se manter claramente a consciência de que a mudança climática tem responsabilidades diversificadas e, como disseram os bispos dos Estados Unidos, é oportuno concentrar-se ‘especialmente sobre as necessidades dos pobres, fracos e vulneráveis, num debate muitas vezes dominado pelos interesses mais poderosos’. É preciso revigorar a consciência de que somos uma única família humana. Não há fronteiras nem barreiras políticas ou sociais que permitam isolar-nos e, por isso mesmo, também não há espaço para a globalização da indiferença” (nº 52).
O Papa argentino reconhece que cresceu “a sensibilidade ecológica das populações, mas é ainda insuficiente para mudar os hábitos nocivos de consumo, que não parecem diminuir; antes, expandem-se e desenvolvem-se. É o que acontece – só para dar um exemplo simples – com o crescente aumento do uso e intensidade dos condicionadores de ar; os mercados, apostando num ganho imediato, estimulam ainda mais a procura. Se alguém observasse de fora a sociedade planetária, maravilhar-se-ia com esse comportamento que às vezes parece suicida” (nº 55).
O documento mostra que em “alguns países, há exemplos positivos de resultados na melhoria do ambiente, tais como o saneamento de alguns rios que foram poluídos durante muitas décadas, a recuperação de florestas nativas, o embelezamento de paisagens com obras de saneamento ambiental, projetos de edifícios de grande valor estético, progressos na produção de energia limpa, na melhoria dos transportes públicos. Essas ações não resolvem os problemas globais, mas confirmam que o ser humano ainda é capaz de intervir de forma positiva” (nº 58).
Nesta encíclica o Papa Francisco chama a atenção: “Não ignoro que alguns, no campo da política e do pensamento, rejeitam decididamente a ideia de um Criador ou consideram-na irrelevante, chegando ao ponto de relegar para o reino do irracional a riqueza que as religiões possam oferecer para uma ecologia integral e o pleno desenvolvimento do gênero humano; outras vezes, supõe-se que elas constituam uma subcultura, que se deve simplesmente tolerar. Todavia, a ciência e a religião, que fornecem diferentes abordagens da realidade, podem entrar num diálogo intenso e frutuoso para ambas” (nº 62).
Pe. Antônio Carlos D´Elboux – acdelboux@uol.com.br
Pároco da Paróquia Imaculado Coração de Maria
Rio Claro
REFERÊNCIA
FRANCISCO, Papa. Laudato Si’. Carta encíclica sobre o cuidado da casa comum. São Paulo: Paulus/Loyola, 2015.