A Gaudium et Spes defende que se evite “cuidadosamente toda e qualquer espécie de discriminação quanto às condições de remuneração ou de trabalho de relação aos trabalhadores oriundos de outro país ou região, que contribuem com o seu trabalho para o desenvolvimento econômico da nação ou da província” (p.508). Lembra ainda que “todos têm o direito de ter uma parte de bens suficientes para si e suas famílias. Assim pensaram os Padres e Doutores da Igreja, ensinando que os homens têm obrigação de auxiliar os pobres e não apenas com os bens supérfluos” (p.510).
O documento conciliar ensina que a “consciência mais sentida da dignidade humana dá origem em diversas regiões do mundo ao desejo de instaurar uma ordem político-jurídica em que os direitos da pessoa na vida pública sejam melhor assegurados, tais como os direitos de livre reunião e associação, de expressão das próprias opiniões e de profissão privada e pública da religião” (p.513). “Paralelamente com o progresso cultural, econômico e social, cresce em muitos o desejo de tomar maior parte na direção da vida política. Aumenta na consciência de muitos o empenho em assegurar os direitos das minorias” (p.513).
Para estabelecer uma vida política verdadeiramente humana, “nada melhor do que fomentar sentimentos interiores de justiça, benevolência e serviço do bem comum e reforçar as convicções fundamentais acerca da verdadeira natureza da comunidade política e do fim, reto exercício e limites da autoridade” (p.514). “A comunidade política existe, portanto, em vista do bem comum; nele encontra a sua completa justificação e significado [...] Quanto ao bem comum, ele compreende o conjunto das condições de vida social que permitem aos indivíduos, famílias e associações alcançar mais plena e facilmente a própria perfeição” (p.514).
Os homens “que se reúnem na comunidade política são muitos e diferentes, e podem legitimamente divergir de opinião. E assim, para impedir que a comunidade política se desagregue ao seguir cada um o próprio parecer, requer-se uma autoridade que faça convergir para o bem comum as energias de todos os cidadãos; não duma maneira mecânica ou despótica, mas sobretudo como força moral, que se apóia na liberdade e na consciência do próprio dever e sentido de responsabilidade” (p.514). Seja cultivado também o amor da pátria, mas sem estreiteza de espírito.
A comunidade política e Igreja são independentes e autônomas, mas “ambas servem à vocação pessoal e social dos mesmos homens” (p.517). Qualquer ação que leva metodicamente a cabo o extermínio de toda uma raça, nação ou minoria ética deve ser veementemente condenada como crime horrível e louvada no mais alto grau a coragem de quantos não temem resistir abertamente aos que as querem impor. “Toda a ação de guerra que tende indiscriminadamente à destruição de cidades inteiras ou de vastas regiões e seus habitantes é um crime contra Deus e o próprio homem, que se deve condenar com firmeza e sem hesitação” (p.520).
Todos os cidadãos devem trabalhar para que se ponha finalmente termo à corrida aos armamentos e, para que se inicie progressivamente a redução dos mesmos armamentos. “Para edificar a paz, é preciso, antes de mais, eliminar as causas das discórdias entre os homens, que são as que alimentam as guerras, sobretudo as injustiças. Muitas delas provêm das excessivas desigualdades econômicas e do atraso em lhes dar os remédios necessários. Outras, porém, nascem do espírito de dominação e do desprezo das pessoas; e, buscando causas mais profundas, da inveja, desconfiança e soberba humanas, bem como de outras paixões egoístas” (p.523).