O Concílio Vaticano II é um dos marcos na história da Igreja Católica. Convocado e iniciado por João XXIII e conduzido e encerrado por Paulo VI, mudou a vida da Igreja. Uma das suas Constituições Apostólicas orienta a Doutrina Social na Igreja. É a Gaudium et Spes, ou seja, as Alegrias e as Esperanças, aprovada em 07 de dezembro de 1965. Ela é dirigida não somente aos Católicos e Cristãos, mas a todos os homens e fala do objetivo da Igreja: “continuar, sob a direção do Espírito Paráclito, a obra de Cristo, que veio ao mundo para dar testemunho da verdade, não para julgar mas para salvar, não para ser servido mas para servir” (p.460).
Para cumprir tal missão, “é dever da Igreja investigar a todo momento os sinais dos tempos e interpretá-los à luz do Evangelho, para que assim possa responder, de modo adaptado, a cada geração, às eternas perguntas dos homens acerca do sentido da vida presente e da futura, e da relação entre ambas. É, por isso, necessário conhecer e compreender o mundo em que vivemos, as suas esperanças e aspirações, e o seu caráter tantas vezes dramático” (p.460). Nossa Igreja não se fecha em si mesma, mas sempre está presente nos acontecimentos diários.
O gênero humano nunca “teve ao seu dispor tão grande abundância de riquezas, possibilidades e poderio econômico; e no entanto, uma imensa parte dos habitantes da Terra é atormentada pela fome e pela miséria, e inúmeros são ainda os analfabetos. Nunca os homens tiveram um tão vivo sentido de liberdade como hoje, em que surgem novas formas de servidão social e psicológica” (p.460). Entretanto cresce “a convicção de que o gênero humano não só pode e deve aumentar cada vez mais o seu domínio sobre as coisas criadas, mas, ainda, que lhe compete estabelecer uma ordem política, social e econômica” (p.463).
O nosso mundo “apresenta-se assim simultaneamente poderoso e débil, capaz do melhor e do pior, tendo patente diante de si o caminho da liberdade ou da servidão, do progresso ou da repressão, da fraternidade ou do ódio. E o homem torna-se consciente de que a ele compete dirigir as forças que suscitou, e que tanto o podem esmagar como servir. Por isso se interroga a si mesmo” (p.463). Tudo quanto existe “sobre a Terra deve ser ordenado em função do homem, como seu centro e seu termo: neste ponto existe um acordo quase geral entre crentes e não crentes” (p.465).
Examinando a própria consciência “o homem descobre uma lei que não se impõe a si mesmo mas à qual deve obedecer, essa voz, que sempre o está a chamar ao amor do bem e fuga do mal, soa no momento oportuno na intimidade do seu coração: faze isto, evita aquilo. O homem tem no coração uma lei escrita pelo próprio Deus: a sua dignidade está em obedecer-lhe, e por ela é que será julgado. A consciência é o centro mais secreto e o santuário do homem, na qual se encontra a sós com Deus, cuja voz se faz ouvir na intimidade do seu ser” (p.468). Todos precisamos ter a consciência reta.
Deus chama “o homem a unir-se a ele com todo o seu ser na perpétua comunhão da incorruptível vida divina. Esta vitória, alcançou-a Cristo ressuscitado, libertando o homem da morte com a própria morte. Portanto, a fé, que se apresenta à reflexão do homem, apoiada em sólidos argumentos, dá uma resposta à sua ansiedade acerca do seu destino futuro; e ao mesmo tempo oferece a possibilidade de comunicar-lhe em Cristo com os irmãos queridos que a morte já levou, fazendo esperar que eles alcançaram a verdadeira vida junto de Deus” (p.469). Há mútua dependência entre a pessoa humana e a própria sociedade.