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Amar os inimigos: a transformação que o Evangelho realiza em nós

Publicado em 2 de março de 2022 - 13:18:31

Diante das situações que acontecem no dia a dia, temos duas formas de agir: ou reagimos de forma instintiva ou de forma pensada, após refletir sobre o fato.

Agimos instintivamente quando, diante de uma situação, temos aquele impulso que vem de dentro. Por exemplo, em uma situação de medo, que nem sempre é algo racional.

Às vezes, a pessoa tem medo de coisas pequenas, coisas até sem importância para quem não sabe o impacto daquilo na vida dela, mas ela reage de forma instintiva, com um grito, uma rejeição, um gesto brusco.

Outras vezes, quando nós refletimos, quando pensamos e percebemos que não existe uma razão para certas reações, então agimos de forma mais tranquila, pensada.

No primeiro livro de Samuel, capitulo 26, entre os versículos 2 e 23, observamos as diferenças entre o homem que tem reações mais instintivas e aquele que age de forma racional, analisando a situação.

Jesus também nos apresenta essa necessidade, mostrando no Evangelho segundo São Lucas (Lc 6,27-38) a mudança que a Palavra de Deus deve provocar em cada um de nós quando a escutamos, quando somos formados ou nos deixamos formar pela Palavra de Deus.

As nossas reações diante de todas as coisas precisam ser reações condizentes com a escuta verdadeira da Palavra de Deus. Não estamos ouvindo de verdade, se continuamos a tratar os outros como inimigos ou se agimos como qualquer pessoa que não conhece Jesus.

Se isso acontece, não estamos permitindo que de fato a Palavra de Deus transforme as nossas vidas. Às vezes, ainda, ouvimos e dizemos que é a outra pessoa que precisa escutar aquilo, quando na realidade cada um de nós é que precisa ouvir e se deixar formar pelo Evangelho.

A partir do momento que este ensinamento de Jesus – “Amai os vossos inimigos” – é colocado em prática, já não existem mais inimigos, mas existe uma relação de fraternidade. Se eu amo o outro não porque ele é bom comigo, mas porque vejo que existe uma relação entre a minha pessoa e a pessoa do outro, então existe uma transformação.

É a mudança que queremos, mas achamos que apenas a mudança das ideologias, da política ou de qualquer coisa externa é que vai resolver. O problema é que a transformação verdadeira precisa acontecer no coração de cada um de nós. É aí que o Evangelho produz seus efeitos. A mudança real não acontece lá fora e não é uma transformação apenas de palavras, é um agir diferente de cada um de nós.

Como podemos querer mudanças, se criticamos a corrupção, mas gostamos de levar vantagem e conseguir as coisas do jeito mais fácil? Se toda vez que posso passar alguém para trás eu o faço, qual é a mudança que a Palavra de Deus está provocando em mim?

Fala-se muito dos grandes roubos que aparecem nos noticiários, mas no nosso dia a dia praticam-se continuamente pequenos roubos e se diz: “Isto não tem importância, é uma coisa pequena”. Ora, rouba pouco porque tem pouca oportunidade. Se tivesse muita oportunidade, faria igual aos do noticiário. Não deve ser assim.

Isso significa que não estamos levando a sério o Evangelho e os nossos atos em nada diferem das atitudes de pessoa que não escutam a Palavra de Deus. O que nós estamos fazendo com a nossa fé? Como nós queremos testemunhar a nossa fé? Apenas dentro da igreja, dizendo que somos homens e mulheres com religião, que vamos à missa? Mas qual é o efeito transformador da missa na vida de cada um de nós? Como a Eucaristia que recebemos nos alimenta de forma transformadora e nos faz testemunhar no mundo algo diferente?

O capítulo 26 do primeiro 1º livro de Samuel nos conta um pouco da história de Saul e Davi. Saul foi um perseguidor do rei Davi e procurou fazer todo mal que podia ao seu inimigo. Mas Davi, no momento em que poderia ter se vingado, se recorda da misericórdia que Deus teve em sua própria vida, e, ao invés da vingança, Davi demonstra ele mesmo a misericórdia, poupando a vida de Saul.

É um exemplo claro da transformação que a escuta da Palavra de Deus deve provocar em nós. Não podemos falar da mudança do Evangelho em nós, se nossas reações não levam em conta a Palavra de Deus.

É por isso que o Evangelho sempre nos convida a olhar para nossas vidas, a refletir sobre elas e a nos deixar tocar pela Palavra de Deus. É sempre um convite à conversão.

Que nós tenhamos a docilidade no coração para ouvir, escutar e praticar as palavras que Deus nos dirige. Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.

 
Dom Devair Araújo da Fonseca
Bispo de Piracicaba
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