Não! Não se trata de um mote de campanha política! Faço essa advertência porque, em tempos recentes, esse trecho do Evangelho de São João foi bastante utilizado para essa finalidade.
A chamada que decorre do título deste artigo tem como propósito principal situar a mim e a você na verdadeira “guerra” que tem sido travada entre os que “estão com a verdade” e os que “não estão com a verdade”. Esse dilema pode soar pretensioso ou gerar dúvida ao leitor, na medida em que não será proibido pensar: será que minhas indagações sobre o que é “verdadeiro” e o que “não é verdadeiro” serão respondidas? Já antecipo que a resposta é negativa, um direto e curto “Não!”
Comecemos por aquilo que é verdadeiro (sem aspas, por óbvio!): Jesus, a segunda Pessoa da Santíssima Trindade, é “o Caminho, a Verdade e a Vida” (Jo 14,6). Sendo um fato verdadeiro (de novo sem aspas!) e não uma narrativa literária ou mitológica contida em alguns livros escritos muitos séculos atrás, acaba por se tornar para mim e para você um referencial de comportamento e de toda sorte de manifestações em nossas vidas. Seguir pelos caminhos da veracidade em todas as nossas relações –com Deus, comigo, com o próximo e com a natureza— nos faz mais leves e suaves, e mais decididos e seguros também, pois este é “o Caminho”. Sim, a partir da descoberta da Vontade de Deus identificaremos com muito maior precisão para onde devemos ir e, por consequência direta e imediata, toda e qualquer apreensão interior restará atenuada, quiçá superada, diante da confiança que acabamos conquistando em dar o passo que devemos dar.
Mas como descobrir a Vontade de Deus?
Passando para um plano mais prático, todos os dias somos convidados a essa descoberta –todos os dias mesmo!— desde o momento em que acordamos e até a hora de dormir. Então, por que não iniciarmos cada jornada diária nos aproximando do Senhor? Sendo estratégicos e aproveitando a experiência bimilenar de nossa Santa Igreja, construída desde os primeiros séculos e utilizada até os dias de hoje, comecemos o dia meditando a Palavra de Deus na Liturgia da Missa que nos é oferecida. O acesso a essa via é fácil demais na medida em que podemos, a partir dos nossos smartphones, escolher por ler, ouvir e/ou assisti-la, a nosso gosto e de acordo com a simpatia que nutramos ao leigo, Padre ou Bispo que a prega naquela manhã. Não perca essa oportunidade: meditar a Palavra logo cedo é de graça e lhe trará uma graça! Depois, se quiser seguir na amizade com Deus, peça a companhia da Virgem Maria rezando o Terço, e aos Santos de sua devoção rogando a intercessão deles espontaneamente ou em orações próprias. E, não menos importante, peça e agradeça ao Anjo da Guarda, nosso irmão celestial, amigo e companheiro de caminhada em quaisquer circunstâncias, que fica conosco o tempo todo.
É fato que a meditação da Palavra de Deus e as nossas orações nem sempre são capazes de, com precisão matemática, nos trazer o tão sonhado “GPS” dos caminhos de Deus e, em consequência, a descoberta das verdades sobre as tantas dúvidas que nos rodeiam. Mas com absoluta certeza revelam, para mim e para você, aquilo que o Bom Deus deseja que coloquemos em prática. E como fazer isso? Atualizando, isto é, trazendo para o concreto da minha vida o conteúdo da Palavra, que é perene e atravessa todos os séculos nos moldando em seus valores, junto à força interior que obtemos da oração recolhida e silenciosa que fizermos. E a verdade que almejamos nos será apresentada, creia nisso!
Atravessamos tempos difíceis, estranhos e complexos, tempos em que mais se erguem muros para dividir do que se constroem pontes para reconciliar; tempos em que quase tudo, para ser “verdadeiro”, tem de passar pelo crivo de alguma “agência/comitê de checagem de notícias” ou pela opinião de algum “especialista”. Estamos imersos numa atmosfera de constantes conflitos, que por sua vez geram incertezas sobre incertezas, aparentando ter virado regra na imprensa em geral –salvo honrosas exceções— e algumas vezes nos nossos próprios relacionamentos, a substituição do conhecimento dos fatos concretamente ocorridos por meras narrativas acerca deles. Por isso, mais do que nunca é hora de se aproximar de Deus, e com decisão! Pois Nele, com Ele e por Ele conheceremos a verdade, “e a verdade nos libertará”.