Nossa caminhada neste mundo um dia terá o seu fim. A Liturgia da Igreja nos consola afirmando que “a vida não será tirada, mas transformada”. Santo Agostinho também nos diz que, apenas, “passaremos para o outro lado do caminho”. Especialmente nestes tempos de pandemia, quando muitos parentes e amigos nos deixaram e ainda nos deixam tenho refletido sobre essa páscoa.
Pensando na limitada vida terrena imagino os encontros e reencontros no “outro lado”. Serei acolhido pela Santíssima Trindade com a Virgem Maria, com os Santos e Santas e os Anjos de Deus.
Por Cristo, com Cristo e em Cristo reencontraremos, exultantes de alegria, aqueles(as) que conviveram conosco: mãe, pai, filho, filha, irmão, irmã, parentes, amigos(as). Como serão os “abraços” e as frases de tais encontros? Penso que poderei ouvir minha mãe me dizendo: “Filho, eu e seu pai esperávamos ansiosamente a sua vinda, enquanto intercedíamos a Deus pela sua felicidade na terra e para que você nunca se desviasse do ’Caminho’. E eu poderia responder: “’Estou aqui pela misericórdia de Deus’”.
Cada um(a) que chega é festa no céu. Acaba o calvário da terra que se iniciou com o pecado dos primeiros pais no paraíso. Com a morte e ressurreição de Jesus, a morte foi vencida. Com a páscoa de cada um(a) é chegada a hora da felicidade plena. Hora de viver o amor sem fim. Aquele amor que Jesus tem por todos, de modo especial pelos humildes, pobres, doentes e sofredores. O amor sem limites que Ele nos mostrou quando caminhou entre nós. Amor tão grande que chegou ao ponto d’Ele oferecer a sua vida pela nossa salvação.
Enquanto aqui vivemos, que Deus nos dê a sabedoria de escolher as verdadeiras riquezas. Sabemos que a nossa vida nesta terra é finita. Um dia ela termina no tempo terreno para continuar na eternidade.
Muitas vezes gastamos nossa vida neste mundo atrás de muitas coisas que não poderemos levar quando voltarmos para a casa do Pai eterno.
As riquezas deste mundo ficarão aqui. Levaremos o bem eterno; o amor/caridade, que buscamos, alicerçados na fé e na esperança. Um dia devemos nos apresentar ao justo juiz, sabendo que, mesmo fazendo tudo o que devíamos fazer, seremos “servos inúteis”. Nossa salvação se dará apenas pela graça e pela misericórdia divinas, em razão de Jesus ter entregue a sua vida a nós, na cruz, para a nossa salvação.
Às vezes, ficamos com medo de encontrar um pai severo pronto para nos castigar pelos nossos pecados. É o que merecemos. Mas não foi assim que Jesus nos falou do Pai. Até porque Ele deu sua vida na cruz justamente para apagar os nossos pecados e nos reconciliar com o Pai. Dessa forma, viveremos uma eternidade feliz contemplando a glória divina. Os(as) filhos(as) pródigos(as) serão recebidos(as) com o abraço do Pai misericordioso.
Se hoje imaginamos o quão é imenso amor de Deus por nós, lá veremos que esse amor é muito maior do que pensamos. É amor que custou a vida do Filho de Deus, portanto, amor infinito.
Sobre a nossa passagem deste mundo para o Pai, a Igreja, “Mater et Magistra”, nos ensina: “Na morte, Deus chama o homem a si. É por isso que o cristão pode sentir, em relação à morte, um desejo semelhante ao de São Paulo: ’O meu desejo é partir e ir estar com Cristo’ (Fl 1,23); e pode transformar sua própria morte em um ato de obediência e de amor ao Pai, a exemplo de Cristo” (CIC 1011). "Meu desejo terrestre foi crucificado; (…) há em mim uma água viva que murmura e que diz dentro de mim: ’Vem para o Pai’” (Santo Inácio de Antioquia, Rm 7,2). “...Em todas as tuas ações, em todos os teus pensamentos deverias comportar-te como se tivesses de morrer hoje. Se tua consciência estivesse tranquila, não terias muito medo da morte. Seria melhor evitar o pecado que fugir da morte. Se não estás preparado hoje, como o estarás amanhã?” (CIC 1014).
“Louvado sejas, meu Senhor, por nossa irmã, a morte corporal, da qual homem algum pode escapar. Ai dos que morrerem em pecado mortal, felizes aqueles que ela encontrar conforme a vossa santíssima vontade, pois a segunda morte não lhes fará mal” (São Francisco de Assis – Cântico das Criaturas).
Rezemos pedindo a São José, que morreu na presença de Jesus e Maria Santíssima, que interceda junto a Deus para que tenhamos uma boa morte.
Diácono Edgard Oliveira Batista
Animador Diocesano da Pastoral da Esperança
Diocese de Piracicaba