Nos momentos finais de sua passagem por este mundo, poucos suspiros antes de expirar, e levando ao pleno êxito sua missão salvadora conosco, Jesus Cristo volta-se à Sua Mãe e, na pessoa do apóstolo São João, representando a humanidade de todos os tempos, entrega-a a nós: “Mulher, eis teu filho!”
Sim, Nossa Senhora de tantos títulos é nossa Mãe Celestial! A Rainha dos Apóstolos, Padroeira de nosso querido Brasil festejada no 12 de outubro, Nossa Senhora é a Mãe de todos os cristãos!
Alguns de nossos irmãos separados, evangélicos e protestantes, infelizmente seguem com críticas vorazes da devoção mariana de nossa Igreja Católica, o que infelizmente dificulta os diálogos pela unidade. Dias atrás assisti a um vídeo em que um importante pastor presbiteriano, pessoa culta e respeitada em seu meio, sem meias palavras afirmava que nós católicos somos “adoradores” de Maria, dizendo também que ela era uma mulher “comum como tantas outras da Bíblia”. Senti-me, num primeiro instante, ofendido, mas depois, com coração mais leve, percebi que esse pastor é digno de nossa compaixão.
Nós, católicos, adoramos a Santíssima Trindade –Pai, Filho e Espírito Santo. E ponto. Prestamos, nessa adoração, o chamado culto de “latria”, que em grego significa “adorar”. Veneramos, todavia, todos os Santos, e, de forma única e particularíssima, a sempre Virgem Maria! Nesse aspecto prestamos dois cultos distintos: “dulia” (venerar em grego), devido aos Santos, pessoas que pelo heroísmo comprovado e exercício das virtudes foram colocadas nas honras de nossos altares; e “hiperdulia”, dirigido exclusivamente a Maria Santíssima, superior a todas as outras venerações juntas, mas sem alcançar o limite da adoração.
Logo, não custa repetir o que já ouvimos algumas vezes: Nossa Senhora não é a “quarta pessoa da Santíssima Trindade”! Mas então por que Maria de Nazaré, a esposa de José, é digna de uma nossa especial veneração? Vários são os motivos, porém um deles está acima de todos: porque ela é aquela que gerou Deus, a “Theotókos”, assim reconhecida no ano de 431 no Concílio de Éfeso, o primeiro dogma (verdade que não se discute) mariano de nossa Igreja. Ela, por ter dito seu “sim” (Lc 1,38), trouxe ao mundo o homem Jesus, nosso Salvador, amamentou-O, supriu-O de todas as necessidades e O acompanhou até a morte. Em poucas palavras: foi fiel até o fim!
Falar de Maria é falar do mais sublime exemplo de uma mulher corajosa! Poucas são as referências bíblicas sobre Nossa Senhora, mas em todas sua presença deixou-nos uma marca. Do “sim” a Deus Pai dado ao Anjo Gabriel, Maria conviveu com Jesus por trinta anos; depois, acompanhando seu filho na vida pública, intercedeu por seu povo (por nós, portanto!) nas “bodas de Caná” e quando poderia faltar o vinho, metaforicamente a “alegria”; com razoável segurança podemos afirmar que esteve presente na “última Ceia” quando Jesus instituiu a Sagrada Eucaristia e nos deixou, até o fim dos tempos, os Seus Preciosíssimos Corpo e Sangue; e atravessou com seu Filho Amado todo o itinerário até o Calvário, não O abandonando por um instante que fosse, mesmo em meio ao mais triste e injusto espetáculo que foi a Crucifixão e Morte de seu Filho.
Que o exemplo de Maria seja um farol a nos guiar em tempos sombrios! Que o exemplo de Maria seja inspiração para as mulheres, que a cada dia ocupam com justiça mais espaços em nossa sociedade, a seguirem seus caminhos com coragem e dedicação ao próximo. E que reconheçamos em Maria Imaculada o meio mais fácil, seguro, rápido e perfeito para se chegar a Jesus (São Luís Grignion de Montfort): a Mãe é o caminho, não um atalho; Jesus, nosso destino.
Caminhe com Nossa Senhora! E busque rezar o Santo Terço todos os dias, em família de preferência. Será um momento de intimidade maior com Deus pelas mãos de Maria, pois o Terço, segundo ensina Santa Teresinha do Menino Jesus, “é uma longa cadeia que liga o céu e a terra: uma das extremidades está entre as nossas mãos e a outra nas da Santíssima Virgem. Enquanto o Rosário for rezado, Deus não poderá abandonar o mundo, pois essa oração é poderosa em seu coração”.
Salve Maria!