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“A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna” (Jo 6,68)

Publicado em 3 de setembro de 2021 - 15:53:28

O versículo que intitula este artigo foi proclamado no Evangelho do 21º Domingo do Tempo Comum, dia 22 de agosto passado. Insere-se num contexto dramático, no qual Nosso Senhor Jesus Cristo, posicionando-se sobre as críticas de seus próprios seguidores que reclamavam da dureza de suas palavras, acabou por perder a companhia de muitos deles. Pedro, no entanto, sai na defesa do Mestre com essa afirmação, prefigurando a meta de todo e qualquer cristão: seguir Jesus até o fim, custe o que custar!

Não querendo ser simplista, apenas o mais direto e objetivo possível em respeito ao espaço deste artigo, por detrás das reclamações dos discípulos que caminhavam com Jesus escondia-se a própria liberdade de escolha de cada um (e, por que não dizer, as nossas!): seguir Aquele que é “o caminho, a verdade e a vida” (Jo 14, 6), ou seguir-se a si mesmo; buscar o essencial ou permanecer no comodismo.

Em setembro nossa Igreja comemora o “mês da Bíblia”. Mas me recordando de um simpático comentário de um Padre amigo, todos os dias do ano deveríamos celebrar o “dia da Bíblia”, pois é essencial nos alimentarmos da Palavra de Deus tal como fazemos com nosso corpo, não durante um único mês, mas em todos os dias do ano.

Alimentar-se da Palavra é fazer experiência viva de Deus, tornando-a presente e encarnada no nosso cotidiano. É aprofundar-se no conhecimento de Cristo para mais e melhor Nele crer. E não poderia haver desculpas para agirmos diferentemente, pois mesmo se for complicado participar todos os dias da Santa Missa e ouvir a Palavra oferecida pela liturgia, quantos não são os aplicativos gratuitos, os canais de comunicação, as redes sociais que disponibilizam esse convívio!

Vivemos tempos duros e difíceis. Mas é o tempo em que vivemos e ponto. Junto com a pandemia da covid-19, agravaram-se os casos de depressão e ansiedade, conforme apontou estudo da Universidade de São Paulo demonstrando que o Brasil, dentre onze países, liderava o ranking de pessoas com essas doenças. E tudo isso num cenário político, social e econômico um tanto sombrio, e que quer obscurecer a esperança de novos tempos, agravando o sentimento de medo e o estresse.

Sem o remédio da Palavra de Deus, que é de “uso contínuo”, seguramente ficaremos mais frágeis e propensos a adoecer do corpo e da alma. Sofreremos mais. Convido-o, então, a fazer o propósito de reservar parte de sua jornada diária, podendo começar com alguns minutinhos, para meditar os textos sagrados que nossa Igreja propõe para aquele dia. Por experiência própria, posso lhe assegurar que sua vida melhorará, que você se tornará mais livre, forte e determinado em seguir adiante. Não significa que os problemas desaparecerão: significa que você, colocando em prática a Palavra, os enfrentará com mais valentia, com mais segurança, e não perderá a felicidade em seguir a Deus trilhando um seguro caminho para a eternidade.

Encerro com Santo Agostinho de Hipona e seus sempre preciosos sermões: “Qualquer angústia ou tribulação que sofremos é para nós aviso e também correção. As Sagradas Escrituras não nos prometem paz, segurança e repouso; o Evangelho não esconde as adversidades, os apertos, os escândalos; mas ‘quem perseverar até o fim, esse será salvo (Mt 10, 22)’”.

Abençoado e proveitoso mês da Bíblia para você!

Rogério Sartori Astolphi
Juiz de Direito

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