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Breve histórico da Doutrina Social – parte 2

Publicado em 2 de setembro de 2021 - 16:23:22

O Papa Paulo VI, na Encíclica Populorum Progressio (1967), diz que as “excessivas disparidades econômicas, sociais e culturais provocam, entre os povos, tensões e discórdias, e põem em perigo a paz. [...] Combater a miséria e lutar contra a injustiça, é promover não só o bem-estar, mas também o progresso humano e espiritual de todos e, portanto, o bem comum da humanidade” (p.148). Na Carta apostólica Octogesima Adveniens (1971) ele ensina que a justiça permite “a cada país promover o seu próprio desenvolvimento, no sistema de uma cooperação isenta de todo o espírito de domínio, econômico e político” (p. 258).

O Papa João Paulo II, na Encíclica Laborem Exercens (1981), afirma que é “mediante o trabalho que o homem deve procurar o pão cotidiano e contribuir para o progresso contínuo das ciências e da técnica, e sobretudo para a incessante elevação cultural e moral da sociedade, na qual vive em comunidade com os próprios irmãos” (p. 153). Na Encíclica Sollicitudo Rei Socialis (1988) ele diz que o “verdadeiro desenvolvimento não pode consistir na simples acumulação de riqueza e na maior disponibilidade dos bens e dos serviços, se isso for obtido à custa do subdesenvolvimento das multidões" (p. 477).

Na Encíclica Centesimus Annus (1991), o Papa João Paulo II escreve: “O princípio, que hoje designamos de solidariedade [...] várias vezes Leão XIII o enuncia, com o nome ´amizade´ [...]; desde Pio XI é designado pela expressão mais significativa ´caridade social´, enquanto Paulo VI, ampliando o conceito na linha das múltiplas dimensões atuais da questão social, falava de ’civilização do amor’” (p. 668). Esta encíclica manifesta um apreço grande pela democracia e pela economia livre. Em seus escritos, o Papa João Paulo II salientava muito a doutrina social da Igreja.

Na Encíclica Fratelli Tutti (2020), o Papa Francisco questiona que palavras como democracia, liberdade, justiça e unidade foram “manipuladas e desfiguradas para serem utilizadas como instrumentos de domínio [...] que podem servir para justificar qualquer ação” (p. 18). Ele diz que “o sonho de construirmos juntos a justiça e a paz parece uma utopia de outros tempos. Vemos como reina uma indiferença acomodada, fria e globalizada, filha de uma profunda desilusão que se esconde por trás dessa ilusão enganadora: considerar que podemos ser onipotentes e esquecer que nos encontramos todos no mesmo barco” (p. 25).

O Papa Francisco continua, na mesma Encíclica Fratelli Tutti: “Dizemos que crescemos em muitos aspectos, mas somos analfabetos em acompanhar, cuidar e sustentar os mais frágeis e vulneráveis das nossas sociedades desenvolvidas” (p. 41). Para o Papa, a relação com uma pessoa estimada “não pode ignorar que essa pessoa não vive só para a sua relação comigo, nem eu vivo apenas relacionando-me com ela. A nossa relação, se é sadia e autêntica, abre-nos aos outros, que nos fazem crescer e enriquecem. O mais nobre sentido social hoje fica facilmente anulado sob intimismos egoístas com aparência de relações intensas” (p. 52).

No Encontro Mundial dos Movimentos Populares (Vaticano, 28.10.2014), o Papa Francisco ressaltou que os “pobres não só suportam a injustiça, mas também lutam contra ela!”. E continuou afirmando que solidariedade “é uma palavra que nem sempre agrada; diria que algumas vezes a transformamos num palavrão, não se pode dizer; mas uma palavra é muito mais do que alguns gestos de generosidade esporádicos”. E foi enfático: “Não se compreende que o amor pelos pobres está no centro do Evangelho. Terra, casa e trabalho [...] são direitos sagrados. Exigi-los não é estranho, é a Doutrina Social da Igreja”.

Pe. Antônio Carlos D’Elboux – acdelboux@uol.com.br
Pároco da Paróquia Imaculado Coração de Maria
Rio Claro

 

REFERÊNCIAS

JOÃO PAULO II. Encíclicas de João Paulo II. São Paulo, Paulus, 1997.

PAULO VI. Documentos de Paulo VI. São Paulo, Paulus, 1997.

PAPA FRANCISCO. Encíclica Fratelli Tutti (Sobre a fraternidade e a amizade social). São Paulo, Paulus, 2020.

 

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