No dia 29 de agosto é comemorado no Brasil o Dia Nacional de Combate ao Fumo, uma data instituída em 1986, com o objetivo de conscientizar e mobilizar a população sobre os riscos decorrentes do uso do cigarro. Mas a responsabilidade não é só de quem tem o vício. É de todos nós. Na semana passada, a Associação Ilumina e o CRATOD (Centro de Referência de Álcool, Tabaco e Outras Drogas), vinculado à Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, realizaram um Curso destinado à profissionais de saúde, técnicos de nível superior que trabalham no Sistema Único de Saúde (SUS). Trata-se do Curso de Capacitação para Abordagem Intensiva ao Tabagista, via YouTube, do qual participaram mais de uma centena de inscritos. A frequência garantiu certificado do Instituto Nacional do Câncer (INCA) e do próprio Cratod.
Participação das Sociedades Médicas
No final do curso, os médicos aproveitaram para fazer uma análise sobre como devem contribuir para a redução do número de fumantes. O Dr. Marco Kulcsar, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço, (SBCCP), instituição que liderou, em nível nacional, a campanha Julho Verde de prevenção, aproveitou para destacar a responsabilidade dos médicos.
“Se cada um dos 900 associados da SBCCP contribuir para a redução dos efeitos do tabaco, será um grande avanço. Por isso, quero levar esse curso, principalmente para os formandos e para os médicos que estão em formação”, disse o Dr. Kulcsar.
O tabaco é uma doença grave que leva a graves sequelas, “então a sociedade precisa se mobilizar”, acrescentou ele, colocando-se à disposição do Cratod e da Associação Ilumina para expandir o treinamento para os profissionais da área da saúde. Para ele, nunca é tarde para iniciar o trabalho com foco no antitabagismo, que pode ocorrer ao mesmo tempo em que se inicia o tratamento para o câncer de cabeça e pescoço. Foi um belo exemplo.
Defendo, a propósito do dia Nacional de Combate ao Fumo, uma série de ações para mudar esse quadro. Precisamos quebrar paradigmas em benefício dos pacientes. É preciso engajar o médico nas ações de prevenção. Muitos acham que a prevenção não é responsabilidade dele e sim de outros profissionais, quando na verdade, o médico que está cuidando do paciente tem a oportunidade rara de mudar seus hábitos.
Tenho investido minha vida nesse luta.
SUS não financia a prevenção
Lamento que o SUS não tenha um modelo de financiamento para a prevenção do câncer. O atual sistema é baseado em pagamento para tratamento e cirurgia e não em evitar que a doença evolua.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o tabagismo é a principal causa de morte evitável no planeta, sendo considerado, portanto, um problema de saúde pública.
Estima-se que cerca de 200 mil pessoas morram todo o ano no Brasil em decorrência do fumo. Esse número salta para cerca de 4,9 milhões em perspectiva mundial.
Na Associação Ilumina lidero uma equipe que administra o Hospital Ilumina, uma carreta e um Centro de Educação. Nossa equipe está se preparando para transformar a instituição em um centro regional para projetos de prevenção do câncer, aproveitando as oportunidades oferecidas pela oficialização de Piracicaba como polo de Região Metropolitana. O foco da Associação é prevenção e diagnóstico precoce da doença, por meio da aplicação de um modelo inédito chamado Rastreio Ativo Organizado, que já salvou mais de 620 pacientes em Piracicaba e região.
Dra. Adriana Brasil
Médica, cirurgiã de cabeça e pescoço, fundadora e Presidente do Conselho de Administração da Associação Ilumina que administra o Hospital e a carreta
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