O Papa da primeira encíclica social

Encíclica é um documento do papa em que ele escreve sobre assunto doutrinal importante na vida da Igreja e sobre o qual quer dar aos Católicos seus ensinamentos. Normalmente a encíclica é dirigida a todos os Católicos, mas pode também ser destinada a todas as pessoas de boa vontade. A encíclica é social quando versa sobre algum assunto importante da vida da sociedade e que diz respeito aos ensinamentos da Igreja. A encíclica tem seu nome em latim, tirado das primeiras palavras do texto. Cada papa escreve as encíclicas que julgar necessário.

A primeira encíclica social foi a Rerum Novarum (A sede de inovações) e foi publicada em 15 de maio de 1891 pelo Papa Leão XIII, que tratou das questões de desigualdade social e de justiça social, notadamente sobre as condições dos operários, com a autoridade própria do Papa. A partir dessa encíclica, outros Papas trataram dos mesmos assuntos, alguns até em comemoração aos aniversários dessa encíclica que, até hoje, tem seus princípios válidos ao orientar sobre os direitos e os deveres do capital e do trabalho, priorizando o ser humano, criado à imagem e semelhança de Deus.

Leão XIII tinha o nome de Vicente Joaquim Rafael Luís Pecci Prosperi Buzzi. Ele era de família nobre e nasceu perto de Roma, em Carpineto Romano, aos 02 de março de 1810. Seus pais eram o conde Ludovico Pecci e sua mãe Anna Prosperi Buzzi. Estudou em Viterbo, no Colégio Jesuíta, onde era aplicado nos estudos e gostava muito da língua latina. Devido à doença grave da mãe, mudou-se para Roma, frequentando o Colégio Jesuíta Romanum. Em 1828, Vicente decidiu ser padre e estudou diplomacia e direito na Academia dei Nobili. Em 1836, doutorou-se em Teologia e em Direito Civil e Canônico.

Vicente, antes mesmo de ser ordenado padre, foi nomeado pelo Papa Gregório XVI o seu prelado pessoal, em 14 de fevereiro de 1837. Em 31 de dezembro de 1837 foi ordenado padre, em Roma, pelo jesuíta Cardeal Odescalchi. Em seguida, foi nomeado pelo Papa Gregório XVI administrador provincial de Benevento, a menor das províncias papais, depois de Spoleto e, em 17 de julho de 1841, de Perugia, exercendo as funções com competência e fidelidade ao papa. Depois é nomeado arcebispo e Núncio Apostólico para a Bélgica, sendo sagrado em 19 de fevereiro de 1843 pelo Cardeal Lambruschini.

Em 1846, é nomeado pelo Papa Pio IX arcebispo-bispo de Perugia e, em 19 de dezembro de 1853, é criado cardeal. Em agosto de 1877, é nomeado Camerlengo, aquele que administra a Igreja durante a morte do papa até a eleição do novo pontífice, mas continuou como arcebispo-bispo de Perugia. Em 07 de fevereiro de 1878, morre o Papa Pio IX. Em 20 de fevereiro de 1878, na terceira votação, Vicente é eleito papa com 68 anos e escolhe o nome de Leão XIII. Foi coroado em 03 de março de 1878 e manteve-se na administração de Perugia até 27 de fevereiro de 1880, quando renunciou ao cargo. 

Considerado o primeiro papa moderno, incentivou a teologia de Tomás de Aquino, sendo hábil diplomata, intelectual e conciliador e defendendo a liberdade individual das pessoas, sua dignidade e o direito natural. Escreveu, em 05 de maio de 1888, a encíclica In Plurimis (Entre as numerosas) sobre a abolição da escravatura no Brasil e concedeu a Rosa de Ouro à Princesa Isabel por ter assinado a Lei Áurea. Foi ele também quem convocou o Primeiro Concílio Plenário da América Latina, realizado em Roma, em 1899. O Papa Leão XIII dirigiu a Igreja por 25 anos e morreu com 93 anos, aos 20 de julho de 1903.

Pe. Antônio Carlos D´Elboux – acdelboux@uol.com.br
Pároco da Paróquia Imaculado Coração de Maria
Rio Claro