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Palavra do Bispo: Espiritualidade tóxica

Publicado em 29 de junho de 2021 - 14:47:42

Um relacionamento é chamado de tóxico quando se torna nocivo para uma das partes. Nesse caso, o relacionamento que deveria ser prazeroso acaba provocando desrespeito e uma forma de individualismo acentuado, além do sentimento de posse sobre o outro. Por conta de dificuldades pessoais, uma pessoa pode buscar esse tipo de relacionamento. São pessoas que trazem em si uma baixa autoestima, dificuldade em dizer não para os outros ou de impor limites, que carregam um medo de ficar sozinhas e acabam desenvolvendo uma submissão. 

No fundo, a relação tóxica mostra duas fragilidades pessoais: o egoísmo de um e a submissão do outro. Essas fragilidades não interferem apenas nos relacionamentos pessoa a pessoa, elas acabam se alastrando por todas as atividades da vida. Uma pessoa que tem a tendência a um comportamento tóxico terá dificuldades no trabalho em equipe ou para exercer uma liderança sadia. Pessoas com tendência para submissão, em geral, terão dificuldade em se expressar livremente e vão sempre tentar agradar os outros. O fato é que as duas formas de fragilidade podem gerar uma espiritualidade tóxica.

Quanto menos uma pessoa conhece a si mesma, sabe das suas limitações e dos seus pecados, tanto mais isso influencia o seu relacionamento com Deus. Alguém que se sinta autossuficiente, extremamente confiante nas próprias forças e nas próprias capacidades, terá dificuldades em abaixar-se diante do Senhor. De outra parte, alguém que cultiva o medo e o receio de tudo não vai conseguir olhar para Deus com confiança e esperança. Atitudes assim mascaram o verdadeiro sentimento religioso e acabam gerando deficiências na oração e no testemunho da fé. Soberba e intimismo se opõem ao espírito de piedade verdadeiramente cristão.

O caminho de uma espiritualidade madura passa pelo conhecimento de Jesus, pois tudo foi entregue a Ele, e é Ele quem revela o Pai, não aos sábios, mas aos pequeninos (Lc 10,21-22). Nesse caminho, os discípulos pedem a Jesus que os ensine a rezar (Lc 11,1-4). A oração ensinada por Jesus começa estabelecendo uma relação de paternidade e, assim, Ele nos ensina a chamar Deus de Pai, e nos faz sentir como filhos e irmãos uns dos outros. Na forma como Jesus ensina a rezar se esclarece a nossa dependência como filhos e nossa relação como comunidade de irmãos.

Uma espiritualidade que não leva em conta a força e o ensinamento da oração de Jesus acaba em ritualismo vazio. Torna-se uma multiplicação de palavras de quem não precisa de Deus e que não é capaz de relacionar-se com os outros. É puro farisaísmo! De outro lado, também pode se tornar uma tentativa de manipulação para os próprios interesses, buscando determinar a Deus o que fazer. Aí, é superstição. Uma e outra são relações tóxicas. A espiritualidade cristã se estabelece no encontro com Jesus, que nos leva ao Pai, pela graça do Espírito e é celebrada na Igreja, comunidade dos discípulos.

Dom Devair Araújo da Fonseca
Bispo de Piracicaba
 
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