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Um novo humanismo

Publicado em 18 de junho de 2021 - 14:01:16

A Doutrina Social da Igreja insiste na fundação de um novo humanismo para a sociedade globalizada. Por humanismo se entende priorizar a pessoa humana sobre qualquer outra coisa, já que o homem e a mulher foram criados à imagem e semelhança de Deus e são os reis da criação. Este humanismo é baseado em três princípios, dos quais a dignidade da pessoa humana é o princípio fundamental e nele está baseada toda a vida social, pois o ser humano é “um ser-em-relação que não pode viver recolhido ou fechado em si mesmo, como gostaria o individualismo hoje dominante” (SORGE, 2018, p.25).

O individualismo que domina a nossa sociedade “é substancialmente uma cultura sem alma, materialista, um humanismo exclusivo, sem Deus, fechado ao Absoluto e à atenção dos outros, até ao absurdo de levantar muros divisórios e barreiras de arame farpado” (p.26). A superação desta concepção fraca da pessoa e da sociedade só será possível com a recuperação da dignidade da pessoa humana que “se realiza e alcança a sua perfeição e maturidade somente ao se transcender” (p.26). Sempre que o ser humano exclui ou renega a sua relação com Deus, ele perde a si mesmo.  Mas, na verdade, ele vale pelo que ele é e não pelo que tem ou por tudo quanto faz.

O segundo princípio que é base para o humanismo é a família, onde a pessoa “se descobre e se realiza como sujeito-em-relação com os outros” (p.30). O ser humano nunca pode ficar fechado em si mesmo, mas traz sempre uma dimensão social. A vida familiar não pode ser reduzida a funções como se fosse um hotel ou uma empresa. A cultura dominante não aceita nem a fecundidade nem a indissolubilidade do matrimônio porque rejeita que o homem é criado à imagem e semelhança de Deus e que é chamado a participar da vida divina. Quando o homem e a mulher se abrem ao dom da graça divina, eles se tornam testemunhas do Evangelho.

O terceiro princípio para chegarmos à vivência do humanismo é a sociedade. Ninguém vive sozinho. Todos vivemos em comunhão uns com os outros e somos interdependentes. Como disse o Papa João Paulo II, devemos nos empenhar pelo bem comum, pois somos responsáveis por todos. Os cristãos “se esforçarão por inspirar com valores absolutos a sua ação social e política no respeito pelas regras democráticas, pela laicidade e em diálogo com todos”, ensinou Bento XVI na Encíclica Deus caritas est (nº 31c). Ninguém precisa renegar suas raízes e a própria história para encontrar coisas boas nas mais diversas tradições e no respeito à pluralidade dos processos globalizados.

A Doutrina Social da Igreja é baseada no princípio da solidariedade, que nos leva a ter uma visão integral e não parcial da crise para encontrarmos oportunidades de resolver tal crise. Uma saída é fazer com que os processos de globalização não sejam deixados à pura lógica do mercado, pois suas regras sozinhas são insuficientes e se tornam incapazes “de repartir de modo equitativo e solidário a riqueza produzida” (SORGE, 2018, p.40). A Igreja necessita introduzir critérios morais e jurídicos precisos que limitem a lógica do lucro e não deixe o trabalho humano ao arbítrio do mais forte. A primazia é sempre do trabalho sobre o capital e do ser humano sobre o lucro.

Outra base da Doutrina Social da Igreja é o princípio do bem comum “baseando-o nos princípios da legalidade e da ética e abrindo-se à dimensão transcendente da consciência religiosa” (p.47). A ideologia tecnocrática “subestima o fato de que a sociedade humana é uma comunidade de pessoas, ou seja, de seres-em-relação entre eles, e a considera antes um rebanho de indivíduos anônimos um ao lado do outro, cada um dos quais pensa antes de tudo em si mesmo” (pp.48-49). Apregoam que vale mais tudo o que é eficaz, pois traz resultados melhores e rende mais em termos de produtividade. Mas não há bem comum sem desenvolvimento integral.

Pe. Antônio Carlos D´Elboux – acdelboux@uol.com.br
Pároco da Paróquia Imaculado Coração de Maria
Rio Claro

REFERÊNCIA

SORGE, Bartolomeo. Breve Curso de Doutrina Social. São Paulo: Paulinas, 2018.

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