Labirintos são estruturas que, em geral, possuem uma entrada e uma saída, mas muitos caminhos internos, que às vezes se cruzam, fazendo a gente andar em círculos ou chegar a pontos sem saída. O objetivo de quem está no labirinto é passar pelos caminhos, encontrando aquele que leva à saída. Quanto mais complexa é a estrutura dos caminhos, tanto maior é o esforço para chegar ao objetivo. Na mitologia grega, o arquiteto Dédalo construiu um labirinto para segurar uma criatura com corpo humano e cabeça de animal, o Minotauro. Segundo a lenda, Teseu conseguiu entrar no labirinto e matar a criatura, depois voltou até a saída, seguindo um fio de lã que foi deixado para marcar o caminho de volta. O labirinto serve como imagem para ilustrar este tempo de pandemia.
A pandemia começou como um acontecimento distante, uma doença desconhecida. Aos poucos, ela foi se espalhando, de um pais a outro, chegou a todos os continentes. As pesquisas foram apontando sintomas e tratamentos diferentes, sem consenso e sem padrão definido. A possibilidade das vacinas reacendeu a esperança de cura e apareceu como um fio condutor que levava para fora do labirinto das incertezas. As medidas sanitárias, o isolamento social e o fechamento compulsório das atividades produtivas, embora necessário, também geraram dúvidas e inseguranças. O número de contaminados e mortos é grande e assusta. O labirinto foi ficando mais complexo.
É preciso reconhecer o enorme esforço mundial para encontrar um fio condutor que leve a uma saída dessa crise. A contabilização dos prejuízos humanos, sociais e financeiros não é uma tarefa fácil, se é que será possível realizar essa contagem, pois o labirinto é grande. As vidas perdidas deixaram cicatrizes profundas na família humana. Nunca foi tão evidente a ligação que existe entre todas as pessoas, não importa a distância que nos separa. Estamos todos no mesmo labirinto, procurando por um caminho que leva à saída. A grande questão não é apenas quando vamos sair, mas como vamos sair.
Para nós cristãos, a vida não é um mero acaso, fruto de acidentes isolados e desconexos. Ao contrário, tudo tem sentido. Entre os discípulos de Jesus também havia incertezas e dúvidas, sobretudo quando foi apresentado o mistério do sofrimento na cruz. Tomando a palavra, Pedro perguntou a Jesus: “A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna.” (Jo 6,68). A palavra de Deus é o fio condutor que une todos os tempos e toda a história humana. Cada tempo oferece os seus desafios próprios e a história guarda os relatos dos combates vividos por homens e mulheres que encontraram o fio condutor da Palavra de Deus.
Estamos todos imersos neste labirinto de incertezas da pandemia, mas não estamos desnorteados. O fio condutor, a Palavra de Deus, está firme e por isso vamos caminhando passo a passo. É essencial viver e lutar com os desafios desse tempo, animando-nos uns aos outros, certos de que não é possível sair sozinho desse labirinto. Pois o mesmo fio condutor que nos une a Deus e dá sentido à nossa vida, também nos une aos outros. Ninguém pode ficar para trás, nem por cansaço e nem por descuido ou pela falta de recursos. Quando passar esse tempo, e ele vai passar, é preciso ter a certeza de que vencemos os desafios com o auxílio da fé e com sentimentos de fraternidade e união. É assim que queremos sair do labirinto.