A Carta a Filemon é um "bilhete", no qual Paulo exorta um discípulo, Filemon, a aceitar o retorno de seu escravo Onésimo, que agora era seu irmão em Cristo.
Filemon morava em Colossas e era uma pessoa com riquezas que se converteu a Cristo, por meio de Paulo. Onésimo era escravo de Filemon, mas fugiu, indo para Roma ajudar Paulo e também se converteu a Cristo na convivência com o apóstolo. Paulo manteve Onésimo consigo até que sua conduta demonstrasse a sinceridade de sua conversão. Ele desejava reparar o dano que havia infligido a Filemon, mas temia ser severamente castigado. Paulo intercede, escrevendo o “bilhete" e indica que Onésimo, agora, é um irmão que deve ser tratado com o mesmo respeito com que Paulo era tratado por Filemon. Essa carta de gigantesca beleza é um tratado sobre a liberdade do amor.
Por ser um bilhete, essa carta possui um só capítulo. Assim dividimos essa carta:
1. Saudação (vv. 1-3)
2. O apreço de Paulo por Filemon (vv. 4-7)
3. Paulo intercede por Onésimo (vv. 8–17)
4. Em Cristo, Paulo garante o pagamento (vv. 18-25)
Onésimo tinha roubado Filemon. Em Roma, ele procurou Paulo, que o levou a Cristo. Por lei, Filemon poderia matar seu escravo pelo roubo, mas Paulo intercedeu em nome do novo cristão, salvando sua vida. A carta foi escrita por Paulo de próprio punho e seus propósitos por escrito eram: (1) informar a Filemon que seu escravo não apenas estava bem, mas também que havia sido salvo; (2) pedir que Filemon perdoe Onésimo e o trate como irmão; (3) pedir a Filemon hospedagem, pois Paulo esperava que logo fosse libertado.
A principal lição da carta é a imagem de Cristo como o Redentor. Assim como Paulo estava disposto a pagar o preço para salvar a vida de Onésimo, Cristo pagou o preço na cruz para nos libertar da morte eterna. “Recebe-o como a mim mesmo” (v. 17), escreveu Paulo, lembrando-nos que somos “aceitos no Amado” (2 Cor 5,21). Não se entra no céu por mérito pessoal e, quando estivermos diante do Pai, Cristo poderá dizer: "Receba-o como a mim!" Graças a Deus sua justiça nos cobriu!
Precisamos lembrar que a escravidão era uma instituição presente no Império Romano. Os romanos trouxeram multidões de escravos (jovens e velhos) de volta das guerras, e comprar e vender escravos fazia parte da vida cotidiana. Paulo tinha um grande interesse na libertação dos escravos, pois “foi para a liberdade que Cristo nos libertou” (Gl 5,1). Não lemos que Paulo atacou diretamente a escravidão, porque o próprio Evangelho, pregado e vivido na igreja primitiva, acabava com esse problema social. A carta de Paulo a Filemon é um exemplo clássico de como Cristo muda um lar e a sociedade, mudando vidas. Não que Paulo estivesse evitando o problema da escravidão; antes, ele percebeu que a verdadeira solução seria encontrada, quando homens e mulheres entregassem seus corações a Cristo libertador.
Paulo promove uma renovação das condições econômicas e sociais, por meio da renovação das relações senhor-escravo dentro da comunidade de fé. Sem dúvida, houve romanos que perdoaram seus escravos por razões humanas, mas Paulo pede perdão por amor a Cristo.
Paulo elogia os serviços que Onésimo lhe prestou para a evangelização na prisão (v. 13) e o devolve para reparar o dano causado a Filemon. Paulo ajuda Onésimo a descobrir espontaneamente (v. 14s) que sua experiência com o escravo foi obra do Senhor para a sua libertação e que nenhuma escravidão resistirá ao amor de Cristo Libertador.