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A Espiritualidade de Maria (II): a arte da escuta

Publicado em 10 de março de 2020 - 15:25:51

A espiritualidade de Maria, a Mãe de Jesus, nos é apresentada por aquilo que os Evangelhos dizem sobre sua pessoa. Neste caso, é, sobretudo, o Evangelho de Lucas aquele que mais nos oferece detalhes sobre a vida de Maria. De fato, encontramos na narração lucana um pequeno, mas profundo, tratado de espiritualidade mariana; uma espiritualidade de nasce da relação que ela tem com Deus e com o outro, em particular com da relação que tem com o seu Filho, Jesus.

Lucas apresenta a pessoa de Maria através da cena da Anunciação, na qual Nossa Senhora aparece como alguém que é capaz de acolher a visita de Deus na vida cotidiana, como vimos precedentemente. Todavia, na narração da Anunciação, Lucas nos mostra também aquele “segredo do Coração de Nossa Senhora” que lhe dá essa capacidade de acolhida, ou seja, a capacidade de dialogar. A capacidade de manter um verdadeiro diálogo com Deus e com o próximo é o primeiro segredo do coração de Maria.

A narração da Anunciação coloca a pessoa de Maria dentro de um diálogo: o diálogo com o Arcanjo Gabriel. Enquanto o sacerdote Zacarias não soubera dialogar com o Mensageiro de Deus (cf. Lc 1,20 ), Maria se mostra como alguém já experimentada na arte do diálogo, uma arte que passa pela capacidade de saber escutar verdadeiramente.

Eis como essa arte se dá na pessoa de Maria. O Arcanjo lhe faz uma saudação riquíssima de significado: Ave, Maria! Diante dessa espécie de grande elogio, não dá uma resposta imediata, mas para um pouco, querendo, primeiramente, encontrar o sentido daquela saudação, entender de maneira profunda o que o seu interlocutor estava querendo dizer com aquela saudação: «Perturbou-se ela com essas palavras e pôs-se a pensar no que significaria semelhante saudação» (Lc 1,29). Em grego a palavra que nossas Bíblias traduzem como pensar é o verbo dieloghizeto, que aí quer dizer dialogar consigo mesma.

Maria é alguém que dialoga consigo mesma para poder entender o que o outro realmente que dizer. Simplificando: procura entender o ponto de vista do outro e, por isso, quando não consegue entender no diálogo interior, pergunta o que não entende: «Como se fará isto, pois não conheço homem?» (Lc 1,34).

Com tudo isso, vemos que Maria é mestra na arte do diálogo, porque tem a sabedoria da escuta. Não é alguém que responde imediata e automaticamente. Ela sabe demorar na palavra do outro e porque demora tem uma resposta elaborada, processada e, portanto, qualitativa. Assim, a Mãe de Jesus ensina que para dialogar é preciso, antes, saber escutar, o que exige a renúncia das respostas apressadas, das respostas prontas e repetitivas. Somente essa escuta pode vencer a mudez e surdez que, no fundo, nada mais são do que frutos da nossa indiferença à presença viva do outro.

Assim, em Maria, encontramos a espiritualidade da escuta ativa, que é, na verdade, atenção ao outro. Uma escuta que desemboca na acolhida geradora de comunhão, comunhão com os outros e com o grande Outro, que é Deus, com quem trava aquele diálogo que lhe permite dar uma resposta qualitativa: «Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra» (Lc 1,38).

Pe. Antonio César Maciel Mota
Pároco da Paróquia São João Batista em Rio Claro
Docente do Curso Diocesano de Teologia
 

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