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100 anos da instituição da Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo

Publicado em 19 de novembro de 2025 - 12:52:05

“Eu sou o Alfa e o Ômega”, “aquele que é, que era e que vem, o Todo-poderoso.” Ap.1,8

No último Domingo do Tempo Comum, a Igreja celebra solenemente a festa de Cristo Rei do Universo. Essa celebração marca o fim do ano litúrgico e reafirma a soberania de Jesus Cristo sobre todo o universo. A data foi oficialmente instituída em 1925 pelo Papa Pio XI, por meio da Carta Encíclica Quas Primas, completando este ano 100 anos desde sua criação. A festa surge em um período de grandes transformações sociais, em meio às consequências da Primeira Guerra Mundial e diversos conflitos globais.

A Igreja sentiu a necessidade de destacar não apenas o título de Jesus como Rei, mas de torná-lo algo a ser “professado” em nossa fé. Na mesma época, comemorava-se também os 1600 anos do Concílio de Nicéia. Jesus é Senhor e, por isso, Rei do universo. Rei do céu e da terra. Essas palavras foram enfatizadas pelo Papa Pio XI ao instituir a festa litúrgica:

“Fixando a nova festa em um domingo, quisemos que o clero não fosse o único a prestar suas homenagens a Cristo Rei, com a celebração do Santo Sacrifício e a reza do Santo Ofício, mas que também o povo, desimpedido de suas ocupações ordinárias e animado de santa alegria, pudesse dar a Cristo, como a seu Senhor e Soberano, um manifesto testemunho de obediência.” ​1

O Papa esperava que essa celebração não fosse apenas litúrgica, mas um momento expressivo para que a Igreja proclamasse Jesus como Senhor e Rei do universo. Após a instituição da festa, pediu que a Igreja fizesse uma celebração extraordinária no dia 31 de dezembro, com um ato de consagração, visto que a Carta fora promulgada em 11 de dezembro.

Inicialmente, a solenidade era celebrada anualmente no último domingo de outubro, antes da festa de Todos os Santos. Contudo, após as mudanças litúrgicas do Concílio Vaticano II, passou a ser celebrada no encerramento do ano litúrgico.

O que refletiremos e celebraremos nesta solenidade? Entre muitas reflexões possíveis sobre Jesus Cristo como Rei do universo, destaca-se uma belíssima oração da coleta, presente no Missal Romano, que expressa o sentido do que celebramos:

Deus eterno e todo-poderoso, que quisestes restaurar todas as coisas em vosso amado Filho, Rei do universo, concedei benigno que todas as criaturas, libertas da escravidão, sirvam a vossa majestade e vos glorifiquem sem cessar. [...]2

Jesus é o Rei que vem para “libertar-nos da escravidão”. Como rezamos no prefácio da solenidade: Ele vem trazer “um reino eterno e universal: reino da verdade e da vida, reino da santidade e da graça, reino da justiça, do amor e da paz.”3 Jesus governa o mundo com seu amor!​

Uma das imagens que simboliza Cristo Rei do universo é a representação de Jesus coroado em seu trono, com o planeta em suas mãos. Na outra, segura o cetro, símbolo da autoridade soberana. Suas vestes vermelha e dourada representam sua realeza e também a púrpura de seu sangue. Cristo é o Rei que se doa e se entrega por nós!

Que tipo de Rei é Jesus? No Evangelho, Ele é claro: “Meu reino não é deste mundo.” (Cf. Jo 18,36ss). Jesus veio inaugurar um “Novo Reino”, constituindo um Novo Povo de Deus. Naquele tempo, muitos esperavam que o Messias-Rei libertasse Israel da opressão dos governadores e líderes religiosos. Jesus veio mostrar que a libertação plena consiste em curar os corações, trazer a paz que o mundo não pode oferecer e estabelecer a justiça divina.

O Reino de Jesus não é igual aos reinos deste mundo. Como Rei, Ele se faz servidor: “O maior dentre vós será vosso servo.” (Cf. Mt 23,11). Jesus inverte a lógica do mundo, mostrando que o serviço é a marca do Reino de Deus.

Na Carta Encíclica Quas Primas, escrita pelo Papa Pio XI há exatamente 100 anos, ele declara: “Dizemos, enfim, que Ele é ‘Rei dos corações’ por causa daquela inefável caridade que excede a toda humana compreensão (Ef 3,19); e porque sua doçura e bondade atraem os corações: pois nunca houve, no gênero humano, e nunca haverá quem tanto amor tenha ateado como Cristo Jesus.”​4

Jesus é Rei que veio e vem reinar em nossos corações! Ele forma seu povo não por imposição ou servidão, mas por atração. Jesus não impõe, mas propõe a todos participar do seu reino, que não tem fim. Reino já iniciado na terra, mas consolidado nos céus. Deixemo-nos guiar pelo cetro real de Jesus. Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida (Jo 14,6).

Não é por acaso que encerramos nosso ano litúrgico com esta solenidade. Novos tempos, vida nova! Neste novo tempo litúrgico, professemos nossa fé em Jesus Cristo, Rei do Universo, dedicando nosso tempo aos mais pobres, servindo nossa comunidade de fé e praticando a misericórdia e o perdão em nossas pastorais e movimentos. Só assim poderemos verdadeiramente professar Jesus como nosso Rei.

Viva Cristo Rei!

Pe. Danilo Rubia Soares
Presbítero da Diocese de Piracicaba

 

1 Papa Pio XI. Carta Encíclica Quas Primas sobre Cristo Rei. n.30. 11 de dezembro de 1925.
2 Missal Romano, 2023. p. 425.
3 MR. Prefácio. p. 426.
4 Papa Pio XI. Carta Encíclica Quas Primas, 1925. N. 4.





 

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